A construção da BR-364 de Cuiabá até Porto Velho (RO) e, depois, Rio Branco e Cruzeiro do Sul (AC), ainda hoje não concluída, demandou suor, sangue e vidas, nas décadas de 1960, 1970 e 1980. A tarefa foi tão árdua que o 5º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro é o único do país e um dos poucos no mundo que possui um cemitério em sua sede intramuros, com cerca de 200 túmulos.
 
“A construção BR-364 é um feito épico. E de efeitos muito mais visíveis e duradouros para a vida dos povos atendidos ligando Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC), abrindo o oeste brasileiro”, afirmou o coronel da reserva Alaor Navarro de Moraes, que comandou o 5º BEC, durante visita à Redação do Olhar Direto, coincidentemente defronte ao portão principal da 44ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá.
 
A história do 5º BEC se confunde com a própria ocupação de parcela considerável da Amazônia Legal, na segunda metade do século passado. E coronel Navarro comandou por um período.
 
“O isolamento em que vivia o território tornou obra [BR-364] uma aventura praticamente obrigatória. Era preciso rompê-lo, e o Exército ajudou a provar sua imperiosidade”, justificou ele.
 
Por causa das intempéries e dos desafios da selva amazônica, ocorreram muitos acidentes, doenças e mortes, o que forçou o 5º BEC a criar o seu próprio cemitério – o único das Forças Armadas, no Brasil, dentro de um quartel. “O primeiro a ser sepultado foi o filho do comandante de então, coronel Veiga. Antes disso, eram enterrados no mesmo local [da morte], à margem das rodovias. Esse cemitério está dentro do quartel e continua em funcionamento até hoje”, pontuou ele.
 
A força do 5º BEC é tanta na história recente de Rondônia que deu um nome um distrito, no município de Machadinho D’Oeste. Com quase cinco mil moradores, o distrito de 5º BEC foi emancipado em fins da década de 1990, pela Assembleia Legislativa de Rondônia, mas nunca foi instalado, por decisão judicial – no período, criar município passou a ser prerrogativa do Congresso Nacional.
 
“Eu nunca vi uma sociedade se identificar tanto com um batalhão militar, como aconteceu com Rondônia e o 5º BEC. Fomos adotados pela população”, emendou Navarro Moraes.
 
O 5º BEC está completando 50 anos e foi instalado, em 1965, para construir a rodovia de Porto Velho até Guajará-Mirim, como forma de honrar compromisso com o governo da Bolívia e desativar a Ferrovia Madeira-Mamoré.