O morador Luiz Braga já está de posse de documentos e fotos para denunciar ao Ministério Público Federal (MPF) algumas irregularidades verificadas na construção do conjunto Paraíso, no município de Araguaiana, a 555 km de Cuiabá. O morador mostrou, em um vídeo, que o conjunto foi construído num terreno mais baixo que o nível das ruas e a enxurrada está entrando nas casas recém-construídas.
As moradias fazem parte do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal em parceria com o estado e a prefeitura de Araguaiana. As casas foram entregues pelo prefeito Pedro Paschoal (PMDB) no dia 30 de dezembro de 2011. Mas a primeira chuva já espantou os dois únicos contemplados com casas que, até o momento, moravam no novo bairro. Eles estão assustados porque os terrenos das casas situam-se em um nível mais baixo do que o nível das ruas. Metade dos padrões de energia e cavaletes de água do conjunto ficaram cobertos de lama.
A obra, que custou R$ 2,5 milhões, foi construída pela empreiteira LL Construtora Ltda e dada como recebida pela prefeitura conforme termo de aceitação provisória de obras apresentado pelo morador Luiz Braga. Ele se mostrou indignado com os órgãos de fiscalização, dentre eles a Caixa Econômica Federal e a Secretaria de Infraestrutura do Estado de Mato Grosso, por não constatarem as irregularidades antes de receberem a obra com problemas tão graves.
Segundo o morador, os beneficiados com essas casas são pessoas simples, humildes e que não têm condições de corrigir, por sua própria conta, os defeitos mencionados. Eles correm o risco de conviver sempre com esse problema durante as chuvas. “A verba desta obra é do governo federal, portanto é dinheiro do povo e deveríamos ter uma obra digna para os cidadãos de Araguaiana”, completou Braga.
O denunciante chamou a atenção para a placa da obra e a licitação, na qual constam 200 casas, entretanto só foram entregues, até agora, 196 unidades, conforme placa que foi colocada posteriormente em frente ao conjunto.
Araguaiana já tem um histórico de obras inacabadas. A cidade, de 3.100 habitantes, foi notícia nacional pelo fato de ter uma escola inacabada desde 1996 e que até hoje consta como concluída no site Portal Transparência do governo federal. A obra de implantação da rede esgoto do município também está parada desde 2010 causando transtornos para a população. A empreiteira responsável é a Barão Construtora de Cuiabá e o valor do empreendimento é de R$ 2,4 milhões.