O ex-diretor geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, revelou em depoimento da CPI do Caso Cachoeira ter recebido pressão por parte do ex-goiano senador Demóstenes Torres para que a Delta Construções tivesse contratos assinados para executar duas obras em Mato Grosso.

Demóstenes foi cassado no mês passado acusado de ser lobista em prol dos interesses da Delta e do contraventor Carlinhos Cachoeira. Segundo Pagot, a conversa ocorreu durante jantar na casa do ex-parlamentar e do qual participaram o dono da Delta, Fernando Cavendish e o diretor da empresa para o centro-oeste, Cláudio Abreu.

"Em um determinado momento, o senador Demóstenes Torres me chamou a uma sala reservada. Ele me disse que tinha uma dívida com a Delta e por isso queria ajuda para conseguir ser o "padrinho" de obras da Delta, inclusive duas em Mato Grosso. Eu disse a que que não poderia fazer isso", declarou Pagot sem dizer quais obras em MT estariam na lista de preferências de Demóstenes.

“Para minha surpresa havia vários diretores da Delta. [...] Foi conversado sobre vinhos, sobre o desenvolvimento do Brasil. O senador me perguntou se ia ter dinheiro para executar todas as obras do PAC I e PAC II. Me perguntou isso várias vezes”, acrescentou.

Pagot disse que foram dois jantares com Demóstenes. "Na primeira conversa que tivemos, falamos sobre pescaria em Mato Grosso. Demóstenes chegou a revelar que queria passar para o PMDB e comentou sua predileção sobre vinhos", confidenciou.

As investigações da Polícia Federal apontam que a Delta repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas a Cachoeira, supostamente usado para pagamento de propina e caixa dois em campanhas.

Atualizada às 13h20.