O candidato a deputado estadual pelo Solidariedade (SD), José Carlos do Pátio, recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para conseguir garantir igualdade na distribuição do tempo de rádio e televisão da propaganda eleitoral gratuita do seu partido. O ex-prefeito de Rondonópolis acusa a comissão provisória da sigla, dirigida pelo também candidato a deputado estadual, Daltinho de Freitas, de boicotá-lo.

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Em conversa por telefone, Daltinho foi questionado pelo Olhar Direto sobre a queixa de que ele estaria se beneficiando do cargo de presidente para dividir o tempo de 41 segundos em seu favor. Irritado, o presidente do SD avaliou que a pergunta era ‘idiota’, opinou que a imprensa deveria se preocupar com coisas ‘mais importantes’, mas comentou a acusação.
 
“Vou avaliar se devo responder essa pergunta idiota. A imprensa deveria se preocupar com fatos mais importantes e não com isso. O Zé do Pátio é o cara mais complicado que eu já conheci. Eu acho que ele está querendo achar um motivo para aparecer como vítima”, disse o presidente do SD.
 
Daltinho de Freitas enfatizou que tem feito uma campanha franciscana, lembrou que é o comandante do partido e avisou que não vai se intimidar. “Nós utilizamos os mesmos critérios que todos os partidos utilizam, a diferença é que nos outros ninguém sai falando como fez o Zé aqui. Todos os presidentes do partido fazem isso, é assim com o [Carlos] Bezerra (PMDB), com o Valtenir [Pereira] (Pros), com o Wellington Fagundes (PR), Nilson Leitão (PSDB). O comandante do partido tem suas prerrogativas”, ressaltou.
 
O advogado André Bacellar, enviado pela Executiva Nacional do SD para auxiliar na eleição em Mato Grosso, confirmou que a divisão do tempo da propaganda eleitoral está obedecendo critérios definidos pela direção do partido, levando em consideração uma análise subjetiva de potencial de votos. Para o advogado, Zé do Pátio não precisa de tempo de televisão.
 
“Avaliamos vários critérios, especialmente o perfil do eleitor, e identificamos que o Zé do Pátio é um candidato de rua, de chão, que precisa andar mais na rua do que ser visto na televisão. O eleitor dele é pobre, não assiste televisão. Nós tivemos acesso a pesquisas internas de outros partidos que mostram que o Zé está eleito, que faz mais de 33 mil votos e esse é o teto. Então, ele ficando 10 segundo ou 10 minutos na TV não vai mudar”, afirmou Bacellar.

O advogado do SD informou ainda que segue a estratégia nacional da legenda, que foi pensada para eleger pelo menos 2 deputados estaduais em Mato Grosso. “Nós precisamos eleger mais um deputado e por isso temos pensado a grade de divisão de tempo para divulgar candidatos como o Daltinho, que tem potencial, porém precisa de divulgação. Não é uma briga pessoal, como faz o Zé do Pátio, é uma visão macro do Solidariedade”, argumentou André.
 
Responsável pela defesa de Zé do Pátio, o advogado Rodrigo Cyrineu se surpreendeu com a postura de Bacellar, e revelou que há poucos dias conversou com o advogado que teria lhe confirmado que a estratégia era a de focar o tempo de propaganda tanto em Daltinho quanto em Pátio, considerados puxadores de votos. 
 
“Parece que o colega tem uma opinião muito volátil, muda muito rápido. Meu cliente não quer privilégios, quer isonomia na divisão do tempo. Foi feita a reclamação ao tribunal, anexamos jurisprudências de outros tribunais e esperamos que a Justiça Eleitoral nos ajude a reestabelecer a igualdade democrática”, ponderou Cyrineu.
 
O advogado de Pátio ainda comentou os critérios utilizados pelo partido e disse que o fato de estar presidente não garante a Daltinho o poder de fazer ao seu gosto a divisão dos direitos dos candidatos. “Nós poderíamos até admitir essa postura de critérios políticos, desde que houvesse um diretório estadual legítimo. Essa é uma comissão provisória nomeada pela nacional”, assinalou.
 
Cyrineu afirmou que Zé do Pátio, pelo que determinou a sigla, teria direito a aparições de 10 segundos, em dias alternados, mas foi ao ar apenas uma vez. Enquanto isso, Daltinho tem aparecido em dias alternados, com tempo de 20 segundos. O SD possui 41 segundos para dividir entre 17 candidatos a deputado estadual. André Bacellar sustena que a deicião da utilização do tempo é uma questão interna, que não cabe interferência do TRE.