Famoso por não ter “papas na língua”, o presidente regional do PPS, prefeito Percival Muniz, de Rondonópolis, apontado como  um dos supostos pivôs da provável renúncia de Jayme Campos (DEM) da candidatura à reeleição, foi direto no que pensa a respeito do assunto: “O Jayme tem razão. Eu faria o mesmo. Agora o Pedro Taques (PDT) tem que tomar as rédeas da campanha, precisa enquadrar todo o grupo, inclusive a mim, sob risco de nem conseguir tocar essa campanha”, afirmou ele, para reportagem do Olhar Direto, por telefone.

Nilson Leitão tenta demover Jaime Campos da desistência de candidatura ao Senado
Jaime Campos desiste de disputar a reeleição e expõe crise em grupo de oposição

Para Percival Muniz, Pedro Taques deixou o grupo solto demais e cada um teve a liberdade de fazer o que bem entendeu, sem se preocupar com a unidade. Devido a essa falta de comando central, a força da coligação tem se diluído, sob o risco de a vantagem conquistada antes do início do período eleitoral pode ser perdida.

“O Pedro não quis ser imperador, mas as vezes é preciso ser um pouco de imperador. Tem que enquadrar o grupo e garantir a unidade até para poder oferecer a vaga para alguém, seja para Jayme ou para outra pessoa. Caso contrário, sempre vai ter crise”, disse Percival Muniz em entrevista por telefone ao Olhar Direto.

A suposta desistência de Jayme Campos da candidatura ao Senado pegou toda classe política de Mato Grosso completamente de surpresa, na noite de segunda-feira (21). O senador ainda não se pronunciou para desmentir ou confirmar oficialmente a renúncia, assim como o restante da coligação “Coragem e Atitude Para Mudar”, encabeçada por Pedro Taques.

Pessoas próximas a Jayme afirmaram que ele desistiu devido ao isolamento político e uma suposta falta de lealdade dentro da coligação. Como exemplo, reclamou para Taques sobre o comportamento dos prefeitos Mauro Mendes (PSB), de Cuiabá, e Percival Muniz, de Rondonópolis, que estariam apoiando Wellington Fagundes (PR), candidato do grupo rival ao Senado.

Percival não comentou o fato de supostamente estar apoiando Wellington, mas em outras oportunidades confirmou um acordo em prol da região de Rondonópolis: Ele apoiaria o candidato republicano,  enquanto em contrapartida, Fagundes apoiaria o candidato a deputado federal Rogério Salles (PSDB), ex-goverandor e atual vice-prefeito de Rondonópolis. Contudo, Muniz se colocou entre quem deveria ser enquadrado. “Pedro tem que enquadrar todo mundo. Tem que enquadrar o Percival também”, repetiu Muniz, várias vezes.