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Segunda-feira, 13 de maio de 2024

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Pronto Atendimento do Adauto Botelho sucumbiu a falta de investimentos na Saúde Mental

Foto: Jardel P. Arruda - OD

Pronto Atendimento do Adauto Botelho sucumbiu a falta de investimentos na Saúde Mental
A falta de eficiência da rede municipal em acompanhar pacientes psiquiátricos e o desinvestimento no Centro Integrado de Assistência Psicossocial (CIAPS) Adauto Botelho foram as causas cruciais para o fim da única unidade de pronto atendimento a pacientes psiquiátricos em todo Mato Grosso.


Essa é a análise feita pela diretora técnica do Adauto Botelho, a psicóloga Luciana Gomes, uma das pessoas responsáveis por tomar a decisão de fechar tanto o pronto atendimento, quanto as novas internações. Segundo ela, na ausência de serviços adequados para a saúde mental em Cuiabá, o que existia foi sobrecarregado.

Leia também: Portas fechadas do Adauto Botelho encerram esperança de tratamento adequado a pacientes psiquiátricos de todo Mato Grosso

A Unidade I e a Unidade VII do CIAPS, respectivamente a de pronto atendimento e de internação masculino/feminino, basicamente o “Hospital”, estão fechadas há mais de 60 dias. Desde então, famílias de pacientes psiquiátricos têm passado momentos de desespero pela falta de local para dar um tratamento adequado ao familiar.

Quem procurava o Adauto para casos de emergência precisam ir à UPA da Morada do Ouro ou procurar a Policlínica do Coxipó, onde os profissionais não estão acostumados a lidar com esse tipo de situação e pouco fazem além de medicar e despachar o enfermo tão logo ele tenha sido medicado.

“A Unidade de pronto atendimento sucumbiu por estar somente ela funcionando, devido a falta de efetividade na rede de saúde mental”, ponderou a diretora. Luciana defende que o pronto atendimento do Adauto, chamado de Unidade I, só foi fechado como última alternativa. O quadro, contou ela, era insustentável.

No pronto atendimento, onde havia 14 leitos para observação, era comum ter a presença de mais de 20 pessoas dividindo o espaço, alguns deitados em colchões, outros em macas. Ao invés de 72 horas, o padrão para observação, os pacientes acabavam ficando mais tempo, às vezes até forçando uma internação, só para ter acesso a medicamentos.

E a maior parte desses pacientes, segundo Luciana, poderia ter sido atendida e tratada com eficácia nos dois Centros de Apoios Psicossocial (CAPS) de Transtorno Mental da Prefeitura de Cuiabá. Entretanto, nenhuma das duas unidades funcionaria melhor que um ambulatório onde cada paciente é atendido uma vez por mês.

“Há pelo menos 15 anos, ninguém faz algo decente pela saúde mental em Cuiabá. Não aplicam a política estadual e nacional de saúde mental. Por isso que o pronto atendimento do Adauto sucumbiu”, desabafou a diretora. “Certa vez veio um paciente aqui, com a mãe dele. Ele disse que fazia acompanhamento no CAPS. Aí a mãe dele me mostrou uma ficha com uma consulta marcada a cada mês. Quer dizer, isso é atendimento ambulatorial”, completou.

Desinvestimento


Apesar de culpar a falta de política de saúde do município, Luciana também admite que também exista o que ela preferiu denominar de “desinvestimento” no Adauto Botelho. Com o passar dos anos, os recursos foram sendo tirados e o hospital ficando relegado da política de saúde do Estado.

A gravidade do caso chegou ao ponto do Ministério Público ter de acionar o Estado na Justiça por abandono do hospital. A decisão obrigou o Governo a promover uma reforma geral na unidade, em 2012, mas até agora as obras não terminaram. Alguns banheiros do Adauto Botelho estão afundando no próprio esgoto. A enfermaria não se parece com uma ala médica e a farmácia vive vazia.

E para completar, enquanto o Estado não completa as obras, atrás da sede fica uma Estação de Tratamento de Esgoto municipal desativada que ainda transborda dejetos. “Se eu aceitar mais um interno aqui dentro enquanto estivermos nessa situação eu posso rasgar meu diploma e jogar fora”, asseverou Luciana.Pronto Atendimento do Adauto Botelho sucumbiu a falta de investimentos na Saúde Mental.
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