O secretário estadual de Saúde, o médico Jorge Lafetá, aproveitou a inauguração da nova ala do SUS na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, na última sexta-feira (05), para fazer um desabafo. Em tom de despedida, já que deixa o posto no final de dezembro, Lafetá criticou a judicialização da Saúde e revelou que foi proibido de realizar qualquer gasto ainda em outubro deste ano.

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“Em outubro eu fui chamado pelas secretarias de Fazenda e Planejamento e fui informado que não tinha mais orçamento, que não poderia gastar mais nada até dezembro, nem mesmo cumprir o que já havia sido pactuado”, lamentou o médico.
 
De acordo com Lafetá, mais de 33% do orçamento da Saúde fica comprometido com a intervenção judicial, que tem bloqueado até mesmo recursos de convênios específicos do governo federal. “Como já não encontram dinheiro na Conta Única, bloqueiam os recursos dos programas específicos, inviabilizando todo o trabalho”, afirmou.
 
O secretário defendeu que as políticas públicas de saúde não sofram interrupção com as trocas políticas no comando do governo, inclusive sugerindo a criação de um fórum com servidores de carreira.
 
“Vamos ter que criar um fórum, uma Vara para a Saúde. Eu acho que o Ministério Público e a Defensoria Pública deveriam ter uma sala dentro da secretaria, mas não só para apontar, mas sim para ajudar na construção. Em São Paulo, o secretário adjunto de Saúde é um promotor”, pontuou Lafetá.
 
O secretário reclamou ainda que recebeu uma liminar determinando que ele compre um medicamento para o tratamento de Hepatite C que não tem registro na Anvisa e o mande para Londres, na Inglaterra, junto com um paciente, e banque todos os custos lá. São coisas que estão completamente fora da nossa realidade”, destacou.