O governador Pedro Taques (PSDB) decidiu apoiar a candidatura do atual vice-presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), à presidência da Mesa Diretora, e retirou seu apoio à reeleição do atual presidente, Guilherme Maluf (PSDB). O acordo teria sido fechado no último fim de semana, segundo informou um parlamentar. Insatisfeito com a decisão, Maluf decidiu manter sua candidatura, independente do apoio do governo, de modo que a base da atual Mesa Diretora sofreu um “racha”.
O governador, porém, negou qualquer interferência na eleição da Mesa Diretora. "Trata-se de decisão exclusiva da Assembleia Legislativa e não cabe ao Executivo interferir. Os deputados têm maturidade suficiente para escolher o melhor caminho e fazer a melhor composição para a Mesa Diretora", afirmou Pedro Taques em entrevista na tarde desta terça-feira (28).
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A oposição liderada por Emanuel Pinheiro (PMDB) também pode rachar, já que seu principal apoiador, Oscar Bezerra (PSB), ameaça deixar o grupo. Com isso, atualmente há três deputados na disputa pela presidência do Legislativo: Guilherme Maluf, Eduardo Botelho e Emanuel Pinheiro.
Apesar de ser duramente criticado por diversos deputados por sua ligação com o governador, a mudança de apoio representa um baque nas pretensões do deputado tucano, que terá reorganizar seu grupo para conquistar a reeleição.
“O Botelho é o novo candidato do governador, conta com apoio do Palácio Paiaguás e isso dá vantagens para ele reunir a base governista em torno do nome dele. Se o Guilherme Maluf quiser reverter essa situação e se reeleger, tem que reunir seus apoiadores e articular o contragolpe, conquistar a maioria dos votos entre os 24 deputados. Com essa mudança de posição do governador, o jogo está zerado. Tem que começar de novo a articulação”, analisou a fonte.
Em entrevista ao
Olhar Direto, Botelho negou que tenha conquistado o apoio do governador à sua candidatura. Admitiu, porém, que está trabalhando forte para viabilizar sua chapa, e diz já ter confirmado o apoio de 10 dos 24 deputados, depois que Maluf se lançou à reeleição, há cerca de dois meses.
“Estou esperando uma sinalização do Palácio Paiaguás, mas esse sinal ainda não veio. O governador não declarou apoio a mim, e acho que entre eu e Maluf ele não vai escolher ninguém, pois são dois deputados da base aliada. Estou trabalhando no convencimento dos deputados, lembrando que o acordo na última eleição foi que eu seria o próximo presidente, e que não haveria reeleição. Já tenho 10 votos, e quando eu tiver a maioria, os outros virão também”, disse Botelho, apostando em uma chapa de consenso.
Racha na oposição
Do outro lado, na oposição liderada por Emanuel Pinheiro, que também articula para disputar a presidência, outro racha se desenha. Oscar Bezerra, que lançou a candidatura de Pinheiro no ano passado e seria o 1º secretário da chapa oposicionista, se disse constrangido com declarações do peemedebista, e ameaça deixar o grupo, levando consigo Mauro Savi (PSB).
“Como construir uma chapa se ele joga os companheiros contra os servidores? Dizer que os deputados negociaram emendas em troca de votos no projeto da RGA (Revisão Geral Anual) é ridículo. Ainda não conversei com Emanuel sobre isso, mas vai ter que ter muita conversa para esse grupo se manter. Foi uma exposição desnecessária. Ele poderia se manifestar em defesa do servidor sem sangrar os companheiros da base”, disparou Oscar.
Pinheiro, por sua vez, minimizou as declarações do colega, e disse que espera manter a aliança. “Eu nunca dei entrevistas dizendo que houve alguma negociação por votos. Nunca incitei nada contra ninguém. Pelo contrário, eu não tive emendas e nenhum deputado me defendeu. Adoro o deputado Oscar e acredito que ele disse isso num momento de muita emoção. Espero que haja um entendimento e ele continue na chapa. A menos que ele queira arrumar algum motivo para rediscutir o grupo...”, declarou o peemedebista.
Nos bastidores, se especula que os dois rachas estariam ligados, e que Oscar poderia retirar o apoio à oposição em função da mudança de posição do governador Pedro Taques no processo. A eleição da Mesa Diretora ocorre na primeira sessão de setembro, e o mandato é para o biênio 2017-2018.
Atualizada às 17h30.
