O deputado estadual Pery Taborelli (PSC) usou a tribuna da Assembleia Legislativa, na noite de quarta-feira (28), para criticar a atuação do secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, a frente da “Operação Mercenários”, na qual foram presos seis policiais militares suspeitos de integrar um grupo de extermínio responsável por várias execuções em Várzea Grande. Para ele, Jarbas demonstrou desconfiar da PM e colocou em dúvida a credibilidade da instituição ao marginalizá-la da execução da operação.

Leia mais:
Comandante da PM classifica como “lamentável” participação de militares em ‘grupo de mercenários’

“Os direitos fundamentais jamais irão retroceder. O direito a vida e o direito a integridade física. O grande problema é que não houve êxito no comandamento (sic) da operação. O secretário não trabalhou com as forças que tem em mão. Ele usou basicamente só a Polícia Civil”, alegou Taborelli, que é coronel da reserva da Polícia Militar e costumeiramente faz defesas ao trabalho da PM e alvo de uma ação judicial por tortura, da época em que chefiava o Comando Regional de Rondonópolis, em 2009.

De acordo com Taborelli, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Gley Alves de Almeida Castro, teria sido informado da operação menos de 12 horas antes dela ser realizada. Essa atitude, segundo o parlamentar, demonstra a falta de confiança do secretário Jarbas, que é delegado da Polícia Judiciaria Civil, na PM de Mato Grosso e pode criar atrito entre as forças de segurança.

“O delegado Jarbas é muito novo, insipiente, tem que aprender a trabalhar com forças. É o homem errado no lugar errado”, asseverou Taborelli. “E eu ainda soube que há um policial preso que não possui envolvimento com esse grupo. Se isso for verdade, secretário, aí sim o senhor cometeu um grande erro”, completou.

Defesa

Pouco depois da fala de Pery Taborelli, o deputado estadual Wancley Carvalho (PV), que é membro da Polícia Judiciária Civil, saiu em defesa do secretário Jarbas. Para ele, o chefe da Pasta de Segurança agiu da maneira correta, inclusive dando o devido espaço à Polícia Militar durante a operação, impedindo que policiais civis conduzissem os militares presos na ação.

“Eu fui informado que foram próprios policiais militares que conduziram os policiais militares presos até as delegacias. Não policiais civis. E, além disso, o comandante geral acompanhou toda a operação. Precisamos lembrar que jovens foram executados e vidas estavam sendo vendidas. Respeito a opinião do meu colega, mas acredito que o secretário Jarbas fez um ótimo trabalho”, afirmou.

O coronel da reserva, no entanto, voltou a criticar a atuação de Jarbas e ainda repudiou os dados informados em coletiva de imprensa sobre a possível culpa do grupo de extermínio por 40% das execuções realizadas em Várzea Grande. Segundo ele, ainda é muito cedo para se falar em dados como esses.

O caso

A Operação Mercenários foi deflagrada na terça-feira (26), pelas Polícias Civil e Militar, para desbaratar um suposto grupo de extermínio com atuação em Várzea Grande. Ao total, foram cumpridas 17 ordens de prisão. Entre eles, seis policiais militares, todos lotados no Comando Regional II (Várzea Grande), o qual já foi chefiado por Pery Taborelli.

Os crimes cometidos pelo grupo possuem sempre o mesmo modo de operação: homens encapuzados que chegam em veículos e disparam. O secretário de Segurança Pública, delegado Rogers Jarbas, estimou durante entrevista coletiva que pelo menos 40% das mortes em Várzea Grande, desde o ano de 2013, devem ter sido cometidas pelo ‘grupo de mercenários’.

SESP

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública foi procurada nesta manhã e deve se posicionar em breve sobre as declarações.