Mato Grosso comercializou até maio 60,54% da safra 2016/2017 de milho e 78,16% do volume colhido em soja. Somente o cereal, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), registrou na variação mensal um incremento de 13,8 pontos percentuais. A "explosão" nas vendas é creditada ao "estouro" no dólar provocado pela delação feita no mês passado pelo presidente da JBS, Joesley Batista, além dos leilões de operações do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), Prêmio para o Escoamento (PEP) e de Contrato de Opção.
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O dólar em maio começou cotado em R$ 3,15 e no dia 17, data em que o dono da JBS, Joesley Batista, apresentou gravações entre ele e o presidente Michel Temer, a moeda norte-americana fechou em R$ 3,38. De lá para cá a moeda manteve-se entre R$ 3,23 e R$ 3,33.
Conforme levantamento do Imea, a comercialização da soja avanço de 69% em março para 78,16% em maio das 31,2 milhões de toneladas colhidas nesta safra 2016/2017. Já o milho de 46,69% para 60,54% das 28,09 milhões de toneladas.
O superintendente do Imea, Daniel Latorraca, comenta que maio foi um mês diferente dos primeiros quatro meses de 2017. Ele comenta que no caso da soja, mesmo que em ritmo lento, as vendas ocorriam praticamente para que os produtores pudessem pagar dívidas.
“Em maio tivemos circunstâncias relevantes. A primeira foi o dólar que ajudou. A outra, em relação ao próprio milho, foram os leilões de contrato de opção”, diz Latorraca. Conforme o superintendente do Imea, “a delação do dono da JBS fez com que estoura-se o dólar e isso ajudou ambas as culturas, em especial o milho que estava com preço completamente depreciado, avaliado entre R$ 12 e R$ 13, chegando a R$ 11 em algumas praças”.
Céu aberto
Apesar do avanço nas vendas da soja, Mato Grosso ainda terá problemas de milho a céu aberto nesta safra 2016/2017. O Estado possui capacidade para armazenar 33 milhões de toneladas de grãos, praticamente metade das 60 milhões de toneladas estimadas entre as duas culturas para este ciclo.
“Nos próximos 30 dias teremos uma pressão muito grande de colheita do milho. Pontualmente em algumas regiões deveremos ter milho a céu aberto em julho e em agosto já estabiliza”, comenta o superintendente do Imea.