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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Alimentação do cavalo atleta

O mercado equestre vem crescendo a cada dia. Nos últimos anos aumentaram, significativamente, o número de competições e de animais em pista. As disputas e os investimentos são maiores em busca de um mesmo objetivo: alta performance dos equinos atletas.

Não basta só ter um bom cavalo, é necessário realizar uma boa criação, uma doma racional, um treinamento adequado e sem dúvida nenhuma, uma alimentação específica à modalidade praticada. De nada adianta ter um animal de excelente linhagem e aptidão, com o melhor treinamento e cavaleiro, se não tiver o combustível certo para desempenhar o seu potencial na raia.

A nutrição do cavalo atleta começa desde a fase de gestação. A égua necessita de cuidados nutricionais especiais durante toda prenhez até o nascimento do potro. A partir deste momento, a cria deve receber uma alimentação específica para crescimento com maior nível de proteína. O desenvolvimento completo é garantido e permite que o animal fique fisiologicamente preparado para um programa de treinamento. Quando alcança a idade da doma, começa o fornecimento de ração para trabalho leve, contendo uma quantidade moderada de energia que aumentará de forma gradativa conforme a intensidade da atividade.

A alimentação também deve ser balanceada de acordo a modalidade esportiva praticada. O que define o tipo de energia adotada pelo animal durante a competição é a intensidade e a duração dos movimentos. Os animais em trabalho são divididos basicamente em duas categorias: cavalos de explosão - que desempenham uma atividade de curta duração e altíssima intensidade (tambor, laço, corrida - Quarto de Milha) e os de resistência – que executam exercícios de longa duração e intensidade moderada a alta (copas de marcha – Marchador/ Mangalarga, e enduro - Árabe).

A base alimentar destes equinos é a mesma, porém o tipo de energia (substrato energético) utilizada por cada um deles e a proporção de volumoso e concentrado são diferentes. Isso acontece porque o metabolismo energético degrada vários tipos de substratos (energia) de acordo com o tempo. As etapas seguintes basicamente definem o tipo de ração que cada animal deve receber e a proporção de volumoso e concentrado.

Primeiramente o cavalo obtém como fonte de energia a Creatina Fosfato, que está pronta para ser usada (primeiros 5 segundos de exercício). Em seguida, o organismo transforma o carboidrato (glicose ou glicogênio) em energia (em até aproximadamente 10 minutos). Depois começa o aproveitamento de gordura/ óleo (processo mais lento) e na sequência o suprimento energético passa a ser por conta da energia proveniente da fibra.

Para o cavalo de explosão, que apresenta como característica o exercício de alta intensidade em curto período de tempo, é fundamental um suprimento rápido de energia. O principal substrato energético empregado é o carboidrato, proveniente principalmente do milho e da aveia. O óleo também é uma fonte energética importante e é bastante adotado durante o período de treinamento (condicionamento) para assegurar as reservas de glicogênio muscular.

A fibra é essencial na dieta porque os cavalos são herbívoros, embora não seja utilizada como fonte de energia no momento da prova de explosão. A dieta deve variar de uma proporção de 50% de concentrado e 50% de volumoso, podendo chegar até 60% e 40% respectivamente, já que a energia empregada é proveniente do concentrado. A ração ideal indicada a esta modalidade deve ser bastante energética (variando de 3.413 Kcal/Kg a 4.045 Kcal/Kg de energia digestível) e conter maior fonte de energia por carboidrato que por óleo, sendo usado no momento da competição (são apenas 16 segundos), e ter em torno de 12% de proteína bruta. As quantidades de ração variam de 4 a 6 Kg por dia, divididas em três tratos diários, com volumoso à vontade.

Os cavalos de Marcha realizam um trabalho de resistência em que a duração das competições alterna de uma a três horas. Portanto, o nível de óleo (Extrato Etéreo) da ração deve ser bem alto (12% EE) e, a quantidade e a qualidade da fibra são fundamentais para confirmar o abastecimento de energia apropriado para que o atleta obtenha um bom desempenho em pista. A recomendação da dieta desses animais é trabalhar com uma proporção de 40% de concentrado rico em óleo e 60% de volumoso, certificando que os principais substratos energéticos (óleo e a fibra) aproveitados na modalidade sejam ingeridos.

O volumoso é essencial na dieta do equino, por ser um animal herbívoro, independentemente do tipo de modalidade esportiva praticada. Pode ser fornecido na forma de feno (Coast Cross, Tifton, Jiggs ou alfafa) ou capim verde (no pasto ou cortado na cocheira). O importante é que seja de boa qualidade e digestibilidade (maior quantidade de folhas e pouco talo) à vontade.

O sal mineralizado também se torna primordial para o cavalo atleta, pois as exigências dos macro e microminerais aumentam consideravelmente com o exercício, e também com a perda de eletrólitos pelo suor, de forma que somente a ração balanceada e o volumoso não são capazes de suprir. A recomendação é misturar 90 gramas de sal mineral para eqüinos, juntamente com a ração, para garantir que o animal esteja ingerindo o mínimo necessário para o pleno funcionamento do organismo e também deixar à vontade para livre acesso.

Uma alimentação balanceada e adequada para o cavalo atleta é indispensável para afirmar o bom desempenho e performance nas pistas.

Fonte: Claudia Ceola – médica veterinária e supervisora de equinos do Grupo Guabi.
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