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Quinta-feira, 16 de maio de 2024

Notícias | Pecuária

Suspensão de contratos com a BRF causa prejuízos para criadores de peru de Minas Gerais

A agroindústria Brasil Foods, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, suspendeu o contrato de integração com criadores de perus. Cerca de 80 integrados foram desligados da parceria e reclamam sobre o prejuízo com os investimentos que fizeram na granja. Pelo menos 17 criadores já entraram na justiça pedindo indenização.


A maioria das granjas de peru da região de Monte Carmelo, Minas Gerais, está fechando as portas após a decisão da Brasil Foods. O vice-prefeito do município, João Batista Chaves Filho, que tem perto de 50 mil habitantes, já faz os cálculos das perdas de receita e problemas sociais para as famílias que vão ficar sem renda.

– Vamos deixar de arrecadar R$ 50 milhões por ano, impostos estaduais e federais. A gente se preocupa muito porque não vai repercutir agora. Mas sim em 2015, e com o desajuste social, essa população rural vai vir pra cidade. Não temos como receber esse pessoal. Transtornos irreparáveis – disse.

Em 2006 houve um grande estímulo, com novas linhas de crédito para expandir a criação de perus nas regiões do Triângulo Mineiro e alto Paranaíba, mas em maio deste ano, a agroindústria anunciou a redução em um turno no abate de peru na unidade de Uberlândia. Dentro deste processo o numero de criadores está reduzindo, de 228 para 150.

O avicultor Claiton Luiz de Lima, disse que já havia preparado os aviários para receber mais um lote, quando foi surpreendido com o aviso de rescisão de contrato. A dívida com a agroindústria referente ao investimento em toda granja chega a R$ 600 mil, e com o banco mais R$ 120 mil.

– Vamos dizer que foi um sonho de investir empreender, trabalhamos, lutamos, passamos por vários obstáculos, inclusive, na crise de 2008 com o mercado americano. E, hoje, estamos aqui nesta situação tentando achar um caminho para toda esta estrutura que está parada. Eu não acho justo, o investimento foi feito para trabalhar com eles, e agora isso aqui só tem valor se tiver aves dentro e uma empresa trabalhando com a gente – desabafa o avicultor.

Antes de receber a notícia de que a empresa iria reduzir o numero de criatórios, o produtor Gilmar Mundim chegou a iniciar uma reforma em um dos aviários, em janeiro deste ano e gastou mais de R$ 80 mil. Ele trabalhava com frango e foi estimulado pela agroindústria para ajudar na implantação das granjas de perus, o valor pago no início parecia ser um bom negócio.

– Me prometeram entre R$ 3 e R$ 3,50 por peru. Queriam mesmo implantar o peru na região e depois eles viram que não era bem assim E agora fazem isso – disse ele.

O avicultor Camilo José Filho continua na ativa, mas já vendeu parte da propriedade para pagar a conta de lotes de perus que deram prejuízo. Ele reclama da falta de qualidade dos perus que são entregues para engorda e se a dívida continuar vai ter que sair da atividade antes mesmo de ser dispensado pela agroindústria.

– O peru está de péssima qualidade. Do último lote estou devendo R$ 4.875 porque não consegui pagar. Se eu não der conta de pagar as dívidas anteriores e esta de agora, eu vou ter que parar, não precisa ninguém fechar para mim. Não vou fazer como fiz no início, que tive que vender um alqueire de terra para pagar conta de um barracão que era para me dar lucro – conta.

A BRF informou que cumpre todas as obrigações assumidas em contrato com produtores integrados e que a decisão de descontinuar a parceria se deve a queda de demanda, especialmente no mercado internacional. Explicou que o comunicado foi feito no mês de maio para a associação dos criadores. A empresa afirmou ainda que todos os integrados vão receber de acordo com os valores estabelecidos em contrato.
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