Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Opinião

Dilemas da Educação de Mato Grosso: a alternativa da Escola Militar

Então quer dizer que a "quartelada na Educação" se apresenta também a Colíder! Depois de muito ensaio e paixões manifestas, era só uma questão de tempo e detalhes.

Vivemos mesmo um contexto de desafios em nossas vidas, onde fundamentalmente, estar vivo, saudável de preferência alimentado e com oportunidade de trabalho para garantir o sustento, é condição cada vez mais rara. Onde o Estado Brasileiro, apoderado por um governo de viés liberal/conservador vem, a cada dia, mostrando a que fins se constitui, qual seja por um patrimonialismo jamais visto em nossa história.

No caso da Educação Pública de Mato Grosso, fortemente impactada pelas crises sanitária, política econômica e social a que o país está imerso, caberá aos profissionais e comunidade escolar a pelo menos dois caminhos como opções a seguir:

Praticar uma espécie de filosofia epicurista, fazendo de conta que nada está a acontecer. Tocar a vida no automático, adaptando-se ao novo, o que inclui renúncia a todas as identidades históricas e ícones construídos pelo sujeitos que compõem a enorme diversidade do chão da escola pública mato-grossense;

Resistir e lutar, fortalecendo a organização sindical, alternativas políticas e qualificações técnicas para o enfrentamento, com a finalidade de manter conquistas e direitos lutando pela escola plural e inclusiva. Mas, sobretudo, buscar construir alternativas viáveis e sólidas, em contraponto ao modelo de educação oficial em curso.

A rigor, tal modelo, com discurso que se apresenta convincente, qual seja pela melhoria nos índices de aprendizagem, o quê em si é algo positivo, amiúde, submete os interesses públicos a interesses muitas vezes escusos. Que, pretende, pela ingerência no currículo escolar, suprimir qualquer possibilidade de manifestação do contraditório e da equidade, nos processos de ensino-aprendizagem e no trato das diversidades no interior das escolas públicas de Mato Grosso.

Muitas incertezas e desafios. Mas a história soberana em seu curso, certamente fará juízo justo dos protagonistas desta aventura arbitrária que inclui: Mudança radical de políticas, fechamento de escolas da noite para o dia, sem nenhum respeito com suas comunidades e tantos outros arroubos autoritários.

Assim, neste contexto de alinhamento/enquadramento da livre pedagogia, que se compreende a expansão da Escola Militar, agora sendo anunciada publicamente sua possibilidade de concretude, em Colíder.

Consequência dê uma referência de paradigma que elege a disciplina, na gestão e nas relações, como o grande diferencial, a Escola Militar apresenta-se como um modelo que tem suas virtudes e acertos. Desde cedo, muito rapidamente, apresenta resultados de aprendizagem anos-luz comparados ao restante da rede pública.

Contudo, uma breve observação, desnuda rapidamente as diferenças de performance: Aquilo que seduz grande parte da população, pelos seus resultados de aprendizagem, é altamente seletivo na inclusão de profissionais da Educação e principalmente de estudantes. Para se matricular em uma Escola Militar ha um rigoroso processo seletivo, teste de conhecimento mesmo, onde "os melhores" são selecionados e a imensa maioria fica de fora. Além disto, estas escolas são munidas de pomposos orçamentos, com distintos recursos financeiros disponibilizados intencionalmente pelo Estado, enquanto maioria absoluta das escolas da rede pública permanecem nas condições de carência conhecida. O olhar mais desatento, não enxerga tais desigualdades e a ideia de uma escola eficiente revela sua condição altamente seletiva. Assim, a Escola Militar ganha adeptos e defensores entusiastas, inclusive entre educadores que atuam na rede pública. A rigor, a disciplina é importante, na escola e na vida. Porém, não é - modus operanti - exclusivo de militares. Muitas outras instituições e organizações da sociedade civil de sucesso também fazem bom uso deste preceito. Entretanto, no caso do sucesso meteórico das escolas militares, Brasil afora, sabemos que há outras variáveis comprovadamente constituídas.

Nessa tempestade avassaladora, estamos repletos dê exemplos de que nenhuma liderança se constitui pela imposição. Que o exercício da liderança é algo que se conquista, fazendo política, com paciência, perseverança e amplo direito ao contraditório. Principalmente na educação, com sua riqueza e complexidade.

O alento vem dá velha canção entoada por Nelson Ned, o qual se estivesse entre nós, visto, na ausência de quadros eruditos qualificados, bem caberia no Palácio do Itamaraty e de forma brilhante, representar a nossa nacionalidade mundo afora, "mas tudo passa tudo passará..."



Cláudio Scalon é Professor da Rede Pública Estadual de Ensino e Presidente do Partido dos Trabalhadores de Colíder MT
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet