Olhar Direto

Domingo, 28 de abril de 2024

Opinião

“Jogar fora” os exames imagiológicos! Onde é fora?

Os diagnósticos médicos atuais são embasados principalmente em exames de imagens. Com o passar dos anos, e da idade, as pessoas acumulam tantas “chapas” e não sabem como fazer o seu descarte. Até poucos anos o diagnóstico de diversos males era realizado por meio de raios-X, a tecnologia avançou e surgiram a tomografia computadorizada, ressonância magnética, cintilografia, densitometria, PET scan, e ainda outros que não tive o prazer (ou desprazer) de ser apresentada.
 
Pratico separação dos resíduos para reuso e reciclagem ciente da poluição que as chapas de imagiologia causam ao ambiente e ainda da riqueza de seus componentes. Acumulei-as por vários anos sem saber o que fazer, pois não há qualquer orientação dos órgãos públicos, de qualquer nível, sobre o modo do descarte correto, apesar de alguns municípios, a exemplo de Cuiabá, possuem o Plano Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
 
Para completar minha aflição, recebi a incumbência de livrar minha sogra dos diversos exames que acumulou no decorrer dos anos. O excesso estava causando confusão quando era necessário reapresentá-los. Pensei: no site da prefeitura deve haver orientações sobre o descarte. Procurei, e nada! E assim, comecei a perguntar aos conhecidos como eles descartavam. Uns deram fim colocando fogo, outros jogando em containers de lixo, outros no lixo doméstico para ser encaminhado ao “aterro público”.
 
Após muito pensar, tive a brilhante ideia! Oras, é lógico! Os laboratórios que realizam os exames sabem dar a orientação, são obrigados a dar destinação a seus resíduos, é a logística reversa instituída pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal n. 12.305 de 2010)! Pela lei, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos que necessitam de descarte especial devem recolher o produto quando não há mais serventia ao consumidor e encaminhar à destinação adequada.
 
Pensei, agora eu resolvo! Que nada!
 
Enviei mensagens pelos sites de dois conceituados laboratórios de Mato Grosso. Um respondeu “maquinalmente” e se fez de desentendido. O outro, aguardo a atenção até hoje. Pensei em telefonar, mas se não respondem adequadamente pelo site que dá tempo de pesquisar, imaginem por telefone. Geralmente os atendentes não estão preparados para tais assuntos.
 
Postei meu questionamento em grupos de WhatsApp que têm foco na sustentabilidade. Enfim, após muita pesquisa consegui o endereço de uma pessoa que recolhe o material aqui em Cuiabá e encaminha para a destinação adequada, o Sr. Antônio. Conforme a informação desse, alguns laboratórios lhes enviam as chapas que ele acondiciona e as encaminha para São Paulo, onde é realizado o tratamento para a reutilização. A base das chapas é de material plástico transparente (poliéster ou acetato de celulose, leva dezenas de anos para decompor) e as imagens são produzidas com o uso de componentes químicos diversos, inclusive a prata, metal nobre que pode ser reciclado. Para a reutilização, as chapas são lavadas para a fabricação de embalagens para presente; a prata, para fabricação de produtos diversos, inclusive acessórios. Quanto ao restante dos componentes acredito que as águas de lavagens, após a retirada da prata, devem ter outro tipo de tratamento para seu retorno à natureza.
 
Até quando vamos continuar plantando esse tipo de matéria-prima em nossos lixões? Vamos continuar poluindo o ar que respiramos com tão rica fumaça? Ou vamos cobrar dos laboratórios e de nossos gestores a disponibilização de informações e de locais para que possamos fazer o descarte adequado?
 
 
Jandira Maria Pedrollo, arquiteta e urbanista, membro do Instituto Cidade Legal - ICL.  jandirarq@gmail.com
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