Olhar Direto

Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Opinião

Barbie e a abertura econômica

Após a reforma trabalhista e tributária, e na “torcida” para que o Senado diminua e não aumente o número de exceções, o próximo passo é aprofundar a discussão e o avanço sobre a abertura comercial do Brasil. A ideia é entender se há movimento de apenas focar na exportação dos produtos primários ou estimular a venda dos produtos nacionais para resto do mundo, e aproveitar o reaquecimento da economia pós pandemia.   

A expectativa é que as reformas possibilitem a ampliação do grau de abertura comercial. Essa perspectiva se consolida na medida em que as tarifas ou dos impostos de importação praticados sejam competitivas e não protecionistas.    

O Brasil é um país que menos importa bens, serviços e matéria-prima em relação ao PIB, ou seja, somos uma das economias mais fechadas do mundo se comparado aos países emergentes e em desenvolvimento, até mesmo em relação a Cuba. O último movimento foi feito na década de 90, no governo Collor, quando foi consolidado o Mercosul e desde então não houve avanços.   

Com a economia fechada não há possibilidade de progredir na produtividade e competitividade. A ideia de que a indústria diversificada, que produz todas as etapas da cadeia produtiva aqui dentro, quando os exemplos nos mostram justamente o contrário, este fechamento fez com que o movimento de globalização e a inserção nas cadeias globais não fosse aproveitado. Desde então a indústria não cresceu e inclusive perdeu participação no PIB e uma grande oportunidade.   

Para exemplificar esta visão basta analisar, neste momento, a boneca Barbie que virou o centro das atenções com o lançamento do filme. Vamos usar seu modelo de negócio como exemplo para mostrar a importância de fazer parte da cadeia global de produção. O design é dos EUA, a distribuição é feita a partir de Hong Kong, o nylon é japonês, é moldada na Malásia, China ou Indonésia com PVC vindo de Taiwan feito com petróleo extraído da Arábia Saudita. Agora imagina isso com todo o protecionismo que o Brasil impõe, quanto foi perdido por não estarmos inseridos no mercado mundial.   

Infelizmente o atual governo está preso à mentalidade protecionista, enquanto o mundo busca a integração e livre comércio. Seu posicionamento impede, o que pode significar junto com a reforma tributária, a continuidade da trabalhista e a independência do Banco Central, um avanço enorme para o país e consequentemente para sua população.   

Esta postura de restringir para proteger o mercado interno da concorrência externa, só beneficia grandes empresas e mantém reserva de mercado, o que é incompatível com a forma de fazer comércio mundial. É preciso atender os pequenos, médios, emergentes, MEIS e simples que tanto tem crescido no Brasil. De janeiro a abril deste ano foram abertas 1,3 milhão de empresas no Brasil, chegando a 21 milhões de CNPJs ativos em todo o território nacional, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. São eles que mais empregam mais de 70% da população nacional e geram renda na comunidade.   

O verdadeiro estímulo à economia local, que impacta na nacional, é capacidade de alcançar mais mercado e assim escalar a produção. Claro que a desburocratização e clareza no trato fiscal também são importantes. Mas o país precisa parar de trabalhar pela “reserva de mercado” e pensar de modo amplo na busca de mais compradores e parceiros comerciais.   

É preciso olhar com empolgação as inovações de hoje, a forma de fazer comércio mudou e é preciso dar liberdade, acesso à informação e estímulo a quem inova e expande. Este é o futuro, a ampliação não a restrição.   

Júnior Macagnam, é empresário, ativista cívico, vice-presidente Institucional da CDL Cuiabá, vice-presidente da FCDL-MT
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