O governador Pedro Taques caminha cada vez mais para um autoritarismo político e de ideias em Mato Grosso. Ao dizer recentemente de que “Temos que impedir quem usa vermelho de impor seus pensamentos”, Taques se revela um político que não sabe lidar com a divergência de ideias, se colocando como um ser acima do bem e do mal, superior a qualquer um, bem típico dos políticos que saíram da magistratura.
No mesmo evento, o deputado federal Jair Bolsonaro defendeu que todos os produtores peguem em fuzis para enfrentar o movimento rural que luta pela reforma agrária.
A pergunta que fica é: impedir como governador? Perseguindo, agredindo? Com fuzil?
É estarrecedora uma afirmação dessas, vindo do governador de Mato Grosso, como se a sua eleição para o cargo fosse um desejo hegemônico dos mato-grossenses. O desejo foi até hegemônico, mas apenas do setor produtivo que o financiou em 2014.
Talvez o ensinamento de Gramsci sobre hegemonia poderia explicar o seu desejo de acabar com as divergências de ideias durante o seu governo, que tem o desejo de uma máquina coercitiva e hegemônica com apoio de uma classe dominante e com o consentimento que deriva da liderança intelectual e moral, que o senhor sonha em ser.
As ideias vermelhas que o senhor ataca são as que existem desde o tempo em que se lutava contra a escravatura, contra as 14 horas diárias de trabalho, contra o genocídio dos povos originários no mundo, contra a colonização imposta, contra a fome e a luta pela emancipação da mulher. As ideias vermelhas que o senhor tenta suprimir foram combatidas na Alemanha, pelo Terceiro Reich.
As ideias vermelhas têm muito mais capital cultural, histórico e político do que a vossa moralidade e contradições políticas, travestida em uma tentativa de personificação da vossa imagem, como o despotismo dos séculos passados.
As ideias vermelhas que o senhor não tolera representam o desejo de mudança, de democracia popular, de igualdade, de liberdade religiosa, de uma sociedade que respeita a mulher, o jovem, a homoafetividade. As ideias vermelhas sempre tiveram lado e sempre terão. E não será do lado dos poderosos.
As lutas dos povos no mundo surgiram das ideias vermelhas, trazendo a esperança para um novo tempo cheio de flores. E os poderosos podem até matar uma, duas ou três flores, mas jamais deterão a primavera toda.
* Pablo Rodrigo é editor de Política do Jornal Diário de Cuiabá