O deputado Wilson Santos (PSD) alfinetou a viagem realizada pelo colega Elizeu Nascimento (PL), que preside a Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, para tentar contrapor o projeto que visa a implantação de câmeras nas fardas de policiais militares no Estado. Elizeu esteve em São Paulo dias antes de Wilson, que visitou a cidade para conhecer as especificidades técnicas do programa Câmeras Operacionais Portáteis (COP), já em funcionamento por lá.
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“Nós fomos em ambientes diferentes. Elizeu e Cattani não foram conhecer os aspectos técnicos do programa, não estiveram com o comandante da PM, não foram ao Comando Geral, não estiveram com os operadores do programa. Eles foram em associações de soldados e cabos, de sargento, ouviram o secretário de Segurança, que é político e deputado federal do partido deles. Então, eles foram ver aspectos políticos contra o programa, eu fui ver aspectos técnicos. A diferença é essa”, disse Wilson.
Elizeu é contrário ao projeto que, segundo ele, "incrimina" os policiais militares, pois apenas a PM será obrigada a utilizar o equipamento. Além de ir ao Comando Geral, Elizeu também visitou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e o Batalhão de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).
Wilson, por sua vez, vem travando uma batalha para seguir com a pauta. O projeto já havia sido apresentado e tramitou por mais de um ano na Casa, até que foi derrubado pela Comissão de Segurança Pública, que era formada, na maioria, por deputados que vinham das forças de segurança pública. Na época, quem presidia a Comissão era o então deputado Delegado Claudinei (PL). Da última legislatura, entre os deputados que integravam a Comissão de Segurança, somente Elizeu se reelegeu.
A retomada do projeto ganhou força após a morte do jovem Diego Kalininski, 25 anos, no dia 4 de fevereiro. Ele foi abatido a tiros por um policial militar após ser retirado de uma festa no município de Vera (a 460 km de Cuiabá). O rapaz teria tomado o cassetete de um PM e investido contra ele. O policial alegou, num primeiro momento, legítima defesa.
Atualmente, apenas os policiais penais usam esse tipo de dispositivo em Mato Grosso, mas a proposta amplia o uso também para policiais militares e civis.
“Eu fui ver exclusivamente os aspectos técnicos. Estive com o comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, que reuniu quase uma dezena de oficiais e nos apresentou o programa da Câmera Operacional Portátil (COP). E eu voltei de lá ainda mais convencido que precisamos avançar para uma polícia cada vez mais qualificada e cada vez mais civilizada tecnicamente. São Paulo hoje é uma cidade mais segura do que Nova York. O numero de assassinatos violentos na cidade de São Paulo é 4,2 para cada grupo de 100 mil habitantes – no estado de São Paulo 6,4 e o Brasil, assim como Mato Grosso, chega a quase 30. Nós temos muito o que evoluir”, defendeu Wilson.
“Mortes de cidadão diminuiu e diminuiu também o número de inquéritos contra policiais. É algo inacreditável. Quem ouvir e conhecer o programa vai aplaudir e passar a ser defensor. Vamos continuar debatendo. Não há nada mais difícil e complexo do que mudar cultura e comportamento. O comportamento das policias brasileiras ainda remete ao século 17, 18, da policia que repreende, que é dura, que intimida. Hoje não queremos mais essa polícia. Queremos uma polícia parceira e cidadã. Tenho consciência dos muros que vou enfrentar. Se o projeto será aprovado ou não, o importante é semear”, pontuou o deputado.
