O incêndio de grandes proporções que começou na madrugada de sábado (14) e destruiu a gráfica do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que funcionava em um imóvel localizado na Miguel Sutil, próximo ao Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá, expôs mais uma vez a fragilidade e sucateamento do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso.
Além da demora de 40 minutos para chegar ao local do sinistro, todo o efetivo da capital e Várzea Grande teve que ser empregado exaustivamente nas mais de 15 horas de combate ao fogo que destruiu o arquivo do Tribunal de Justiça e parte da Churrascaria Boi Grill. A Segurança Pública nega veementemente que os bombeiros tenham demorado todo esse tempo para chegar ao local e informaram por meio de nota que a primeira viatura chegou ao local 9 minutos após o Ciosp ser acionado.
Incêndio consome arquivos e Gráfica do Tribunal de Justiça
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De acordo com o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Aderson Barbosa, nos últimos anos houve uma diminuição significativa de pessoal na corporação, que há 10 anos segue sem a realização de concurso para inclusão de novos militares.
“A última inclusão que tivemos em nossos quadros foi em 2003. De lá pra cá, muitos militares completaram 25 anos de serviço e foram para a reserva, se aposentaram e as vagas estão ficando em aberto. Fora isso, a nossa tropa tem ficado antiga também”, disse.
Segundo o comandante, há tempos a conversa vem se estendendo com a secretaria de Segurança Pública e com o governo do Estado no sentindo de realizar um novo concurso público para suprir ao menos as baixas que a instituição vem sofrendo, porém, nada foi feito até agora.
O ideal, segundo a legislação, era que houvesse 3.995 bombeiros divididos entre as 141 cidades de Mato Grosso, porém a realidade aponta para uma instituição com apenas 958 militares, em apenas 17 municípios do estado.
“A situação do Corpo de Bombeiros vem sendo sistematicamente conversada e informada ao governo e à secretaria de Segurança Pública por meio de documentos. Mas o que vemos é que essa não é uma situação exclusiva do da nossa instituição, é de todas as instituições que compõe a segurança pública do nosso Estado de um modo geral”, explicou.
O coronel afirma que atualmente a tropa está preparada para o enfrentamento a grandes incêndios como o ocorrido no fim de semana, mas lembra que a corporação não tem a função única de combater ao fogo e que tem seus limites.
“O trabalho do Corpo de Bombeiros é muito maior, é de prevenção, é técnico, de atendimento pré-hospitalar. Nossa função não é exclusiva de combate a incêndio, daí a necessidade de aumento do efetivo para dar conta dessa demanda”, finalizou.
O incêndio deste fim de semana teve início por volta da meia noite de sábado (14), destruindo o DMP. De acordo com informações do coordenador Militar do Tribunal de Justiça, coronel Wilson Batista, o vigilante escutou um estrondo vindo do telhado, em uma sala próxima à cozinha. Logo em seguida, ele viu fumaça saindo pelo teto e acionou o Corpo de Bombeiros.
Carros do Corpo de Bombeiros e caminhões-pipa trabalharam no local para tentar conter as chamas, controladas 15 horas depois. Segundo testemunhas, os bombeiros demoraram 40 minutos para chegarem ao local com o primeiro carro de combate a incêndio.
Além da gráfica, o imóvel, de aproximadamente mil metros quadrados, abrigava também o mobiliário do Poder Judiciário de Mato Grosso, como mesas, cadeiras, armários, entre outros móveis que são encaminhados para as comarcas de todo o Estado.
Conforme o coronel Batista, até que a perícia seja realizada, não é possível afirmar o que ocasionou o incêndio. “Só eles poderão dizer, é prematuro falarmos qualquer coisa antes da perícia realizar o seu trabalho”.
