Nem bem acabou o ano e os moradores do Distrito de Souza Lima, em Várzea Grande, já estão se articulando para viabilizar projetos para o Carnaval de 2010. A ideia é reativar a identidade do local, que já foi palco de grandes festas carnavalescas. Em busca de recursos, procuraram a MT Fomento que dispõe de linhas de créditos para o turismo e para os empreendedores da Rota do Peixe. A linha de financiamento para Rota do Peixe foi lançada no fim de novembro beneficiando além do Souza Lima, outros quatro Distritos: Limpo Grande, Pai André, Bom Sucesso e Passagem da Conceição.

“Não financiamos o carnaval. O setor cultural envolvendo a tradição do Souza Lima, como artesanato, por exemplo, pode ser viabilizado. Para isso as pessoas da comunidade precisam estar envolvidas no processo”, explicou Arcleidy Dias Pereira, presidente da MT Fomento.

O carnaval há cerca de 40 anos era realizado no Souza Lima. Segundo o morador, por questões políticas foi transferido para o Bom Sucesso. “Era sediado no Souza Lima devido ao Distrito estar centralizado e dispor de saídas, ou seja, de fácil acesso. Envolvia moradores das comunidades de Bom Sucesso e Capão Grande. Por interesses políticos foram transferindo o Carnaval para onde tem mais gente e levaram para o Bom Sucesso”, relatou Mario Lucio Ferreira da Silva, morador de família tradicional do Souza Lima.

Mesmo não tendo um controle de entrada e saída de moradores, Mário estima que cerca de 700 pessoas residem no Souza Lima. O retorno do carnaval representa para essas pessoas, a autoconfiança da população de Mato Grosso, além do envolvimento da população pela comunidade.

Por exemplo, é comum na hora de comprar o credor solicitar o endereço. Mas a maioria não reconhece onde fica. “Notamos que existe uma fraqueza cultural nesse sentido. Quando pergunta o endereço as pessoas sempre dizem que moram na rua principal do Souza Lima. E ouvem onde fica? Para não perder correspondência eu uso o endereço do trabalho ou de uma tia em Várzea Grande. É preciso criar uma independência para o Souza Lima”, afirma o morador.

Com o fim dos anos dourados do carnaval, que atraia turistas para o local, famílias tradicionais foram potencializando alternativas para os filhos. Hoje muitas pessoas trabalham na formalidade, com carteira assinada em Cuiabá e Várzea Grande. Os que estão no Distrito, apesar das poucas alternativas de subsistência, continuam vivendo da pesca, do rio.

Mário é um dos antigos que retornou ao local por questões familiares. Trabalha em Cuiabá, mas os pais quiseram voltar para lá, depois os irmãos e as amizades acabaram indo. Agora batalha para reerguer a comunidade.

ALTERNATIVA

Para pensar em outro foco, como por exemplo, na questão econômica, de retorno financeiro para as pessoas que vivem no local, uma alternativa seria recursos para fabricação de doces, mas não é um projeto auto-suficiente, falta fruta. Ou na produção de farinha, mas tem que plantar a mandioca. Portanto, não há matéria prima para o negócio. “Se ninguém planta como viabilizar projetos? Cajueiro não dá em curto prazo, como cumprir um cronograma de pagamento com a MT Fomento?”, questionou Mário, afirmando que é muita responsabilidade intermediar a negociação.

Em reunião realizada com os moradores do Souza Lima, (na primeira quinzena de dezembro) a sugestão é que a comunidade levante mais informações sobre o que realmente querem. “São projetos que devem ir ao encontro da necessidade da comunidade. Os moradores precisam se envolver nisso. Nossa equipe técnica pode orientar na viabilidade das ideias. Temos recursos para ajudá-los, mas não vamos envolvê-los em projetos que não geram emprego e renda. O foco é oportunizar melhoria de vida das pessoas. Os créditos repassados para a comunidade devem refletir em emprego”, lembrou o presidente da MT Fomento Arcleidy Dias Pereira.

Ficou definido que a comunidade se reunirá para definir as metas.