Se na visão majoritária a Rio+20 fracassou na tentativa de produzir um acordo mundial pela sustentabilidade, para Mato Grosso até que foi um evento produtivo. O balanço é do ambientalista mato-grossense Abel Nascimento, militante da causa verde atualmente pela organização Instituto Natureza e que participou da Conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro. Para ele, a participação do Estado sinaliza, ao menos, um significativo ponto de virada em termos de gestão ambiental – e conta com a consistência da Carta da Amazônia em nome dos estados da região.
“Representantes do Governo tiveram papel importantíssimo nessa conferência. Apresentaram projetos talvez mais ambiciosos que a própria Rio+20. Basta saber se vão ou não ser cumpridas. Além de que serviu como uma base de reflexão e aprendizado para uma possível mudança de comportamento na política de condução do Estado”, analisou o ambientalista a respeito da participação na Conferência do vice-governador Chico Daltro (PSD) e do secretário de Meio Ambiente Vicente Falcão.
“O que o Governo precisa entender de vez é que ele recebe uma carta de aval da sociedade para governar o Estado dentro de uma premissa de respeito aos seus cidadãos. Ele não pode sair por aí fazendo aquilo que lhe der a cabeça. Queremos um modelo de produção que seja compatível com a preservação e conservação do meio ambiente, que respeite as pessoas e a biodiversidade”, resumiu Nascimento.
Neste processo, o ambientalista se mostrou animado com a formulação da Carta da Amazônia, documento formulado em Manaus em conjunto pelos nove Estados da Amazônia Legal – Mato Grosso, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Amapá, Maranhão, Tocantins e Roraima. A Carta consiste num pacto de compromissos para o desenvolvimento sustentável na região e foi entregue durante a Rio+20 para o secretário executivo da Organização das Nações Unidas para o Brasil, Brice Lalonde, que se encarregou de levá-la ao secretário-geral Ban Ki-Moon.
“O documento final proposto pelo bloco que compõe a Amazônia Legal tem consistência e trás muitos avanços, até porque foi um documento elaborado também com a participação da sociedade, está mais próximo da nossa realidade. Acreditamos que a pressão popular, as conversações em nível de governo e com sociedade poderão fluir positivamente, digo até melhor que na própria Rio+20”, declarou otimista.
“Mato Grosso agora tem a oportunidade de aprender a lição e, a partir daí, fazer o dever de casa, levando o Estado a uma política de inclusão social com respeito ao meio ambiente promovendo a sustentabilidade”.
