Criada em 1934 como resposta à perda da Revolução Constitucionalista de 1932, a Universidade de São Paulo (USP) fez 75 anos ontem (25) e as celebrações oficiais começaram hoje (26). Para os professores ouvidos pela Agência Brasil, a instituição foi fundamental para criação de outras universidades e todos os setores da sociedade brasileira.
"A USP foi vital para o Brasil porque ofereceu um ensino de qualidade é importante para o desenvolvimento de qualquer país", disse Otaviano Augusto Marcondes Helene, professor titular do Instituto de Física e presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp).
Segundo o professor, diversos profissionais de destaque de todas as áreas saíram da universidade. "Muita gente na política, economia, saúde se formou na universidade", afirmou. Basta lembrar que o ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso é professor aposentado da USP.
Helene resaltou que a USP, assim como as outras universidades públicas, são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país. "Uma universidade particular foca seu objetivo no retorno financeiro, criando escolas onde é mais rentável. As públicas, por exemplo, priorizam o desenvolvimento do país e criam faculdades onde é necessário", explicou.
O professor titular aposentado Antonio Carlos Martins de Camargo relembra a importância da universidade no período militar, em que desempenhou papel de resistência e luta. "Em um primeiro momento a faculdade foi vítima, depois foi fundamental para o processo da retomada da democracia brasileira", avaliou.
De acordo com Camargo, a universidade nasceu com o objetivo "de promover e transferir conhecimento em todas as áreas". "A USP é líder em produção científica: sempre criamos ciência de boa qualidade para o país", falou.
Porém, os professores ressaltam que se há motivos para comemoração, também existem razões para se lamentar. O professor Helene destacou o pouco orçamento destinado à educação. "O ideal seria que os investimentos correspondessem a 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) de São Paulo", explicou. Segundo o docente, o orçamento atual é cerca de 0,5%. "Falta triplicar este valor", disse.
Segundo o professor do Instituto de Física, o número de docentes hoje é praticamente o mesmo da década de 1980: "Sofremos uma estagnação. O número de profissionais esteve muito aquém do desenvolvimento econômico do país".
A estrututura departamental da universidade, diz Camargo, precisa ser modernizada. "O atual modelo não funciona tão bem. A USP precisa de adaptar aos novos tempos", afirmou.
