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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Redução de partículas poluentes aumenta expectativa de vida, diz estudo

Diminuir a quantidade de partículas poluentes emitidas no ar aumenta a expectativa de vida, como constata um novo estudo publicado no "New England Journal of Medicine".


Os pesquisadores avaliaram dados populacionais de 51 áreas metropolitanas dos EUA de 1978 a 1982 e de 1997 a 2001. Eles constataram que o decréscimo de dez microgramas por metro cúbico de partículas poluentes finas (que causam os danos mais sérios ao organismo) estava associado a um aumento médio de sete meses na expectativa de vida.

E concluíram que a redução da polução influenciou em 15% a melhora total da expectativa de vida nessas localidades --que teve aumento de cerca de três anos durante o período avaliado.

"Este é o estudo mais importante já feito sobre poluição atmosférica. É uma demonstração mais convincente, a poluição pode estar no mesmo patamar de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças", afirma o patologista Paulo Saldiva, coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental da USP (Universidade de São Paulo).

No sentido contrário da pesquisa, ele diz que resultados preliminares de um estudo desenvolvido no instituto, ainda não divulgado, mostram que os poluentes emitidos pelos veículos na cidade de São Paulo diminuem em um ano a expectativa de vida dos paulistanos.

"Podemos dizer que ocorrem 19 mortes por dia decorrentes da poluição. Constatamos na pesquisa que as perdas causadas por essas mortes chegam a R$ 1 bilhão por ano."

A concentração ideal, segundo Saldiva, não deve ultrapassar dez microgramas por metro cúbico, como preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde). A média paulistana gira em torno de 28, e, em horários de pico, o ar da marginal Tietê congestionada chega a concentrar 140. "O número de carros aumentou, e a velocidade da frota diminuiu. A marcha lenta faz com que o carro fique ligado por mais tempo no pior fluxo, que emite mais poluição."

Riscos à saúde
Um outro trabalho, concluído em 2008 pelo pneumologista Ubiratan de Paula Santos, do serviço de pneumologia do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostrou que a elevação de dez microgramas de poluentes por metro cúbico no ar aumenta em 10% as internações por arritmias cardíacas em São Paulo. De 1998 a 2006, seu grupo avaliou 25 mil casos de arritmias. "Vimos que, se os índices de poluição aumentam, os números de internação crescem."

Casos agudos ocorrem em pessoas mais suscetíveis. Crianças pequenas têm os brônquios mais finos, que podem inflamar com poluentes em excesso. Pessoas com problemas respiratórios, cardiovasculares e metabólicos são mais vulneráveis. "Quem já tem um vaso sanguíneo parcialmente ocluído sofre quando a poluição aumenta. A passagem de sangue fica mais fechada, o que pode causar arritmia, isquemia, angina e infarto."

A poluição também traz riscos a longo prazo. As partículas atingem o pulmão de forma contínua, o que propicia casos de asma e de alergias respiratórias independentemente do histórico familiar e até a adesão de colesterol nos vasos, levando a uma arteriosclerose.

Prevenção
Não é possível se poupar totalmente aos efeitos da poluição. Mas evitar os horários de pico, com maior concentração de poluentes, manter as janelas dos carros fechadas e usar rotas alternativas, com menor fluxo de veículos, ajuda.

Evitar ficar nos pontos de ônibus em horários de maior movimento também é indicado: nos corredores de ônibus de São Paulo, a concentração de poluentes pode chegar a 120 microgramas por metro cúbico.

"Se o passageiro passa duas horas dentro do ônibus, andando pelos corredores, ele 'fuma' cerca de três cigarros. Mas, infelizmente, alguns não têm escolha. Nessa questão, quem é mais rico se defende melhor. Sabe-se que o nível socioeconômico é fator de aumento de prejuízo da poluição à saúde. Da classe A à classe E, o aumento dos danos é de seis vezes", lamenta Saldiva.
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