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Terça-feira, 07 de maio de 2024

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Andreas Kisser fala sobre o novo álbum do Sepultura

Em 2009, o Sepultura completa 25 anos de carreira. Dando início às comemorações, Andreas Kisser, Paulo Xisto Jr., Derrick Green e o mais novo integrante, o baterista Jean Dolabella, repetem a fórmula utilizada em Dante XXI, inspirado no clássico A Divina Comédia, e lançam o álbum A-Lex, com inspiração no livro Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.


Guitarrista e líder do Sepultura, Andreas Kisser, conversou com o Terra e falou sobre o novo disco, os 25 anos de estrada e a saída de Iggor Cavalera.

Por que vocês escolheram Laranja Mecânica?
Essa é uma idéia antiga, vem desde a época em que a gente trabalhou o Dante. No livro acontece muita coisa em muito pouco tempo, é uma leitura rápida, e isso acabou influenciando o nosso jeito de trabalhar.

É mais fácil ou mais difícil trabalhar tendo uma obra como referência?
Você tem que ter algum conceito para escrever. Nada sai do nada. Por exemplo, se você tirar o Satanás das bandas de death metal, acabou! (risos). Eu acho que quando você delimita um tema acaba ficando mais criativo, faz as coisas acontecerem com menos elementos. Falar sobre uma obra assim te inspira das mais diversas formas, ainda mais sendo uma obra tão completa como essa. Ela trata de violência, relações familiares, juventude, igreja, polícia, hipocrisia, política.

Como foi o processo de composição das músicas? Você já tinha algo escrito ou começou do zero a partir da leitura do livro?
Eu já tinha escrito algumas coisas, mas o disco só apareceu mesmo nas jams que a gente fez. Nas primeiras semanas ficamos só tocando, depois paramos e começamos a organizar esse material.

Como foi gravar a faixa Ludwig Van, que tem uma orquestra?
Desde o começo, o maior desafio era representar Beethoven. Sem ele, o trabalho ficaria incompleto e não faria sentido. Aí chamei um amigo, Alexey Kurukdjian, que é maestro e já foi guitarrista de uma banda de death metal, ele conhece os dois lados e tem uma mente mais aberta. Foi um processo trabalhoso, mas o resultado ficou muito bom.

No filme de Stanley Kubrick falta o capítulo final do livro. O longa acaba de um jeito menos negativo do que o livro. Por que vocês decidiram usar o livro e não o filme para A-Lex?
O capítulo final é essencial, mostra um desfecho totalmente diferente do filme. Na versão do Kubrick, o final mostra o Alex pensando em violência, dá a impressão de que ele vai voltar e fazer tudo de novo. Mas no livro é o oposto, ele quer ter trabalho, família, respeitar as leis. Mostra a coisa da livre escolha, que é o que queremos passar.

Fazer discos inspirados em obras literárias pode se tornar uma constante no Sepultura?
A gente não tem uma regra, a prioridade é fazer shows, trabalhar bastante. Mas pode ser que a gente faça outra adaptação para completar a nossa trilogia.

Você acha que com o álbum pessoas que nunca leram o livro ou viram o filme conseguirão entender a história de Laranja Mecânica?
Se você escutar o disco do começo ao fim perceberá que ali tem uma história sendo contada. É claro que não é tão explícito, afinal, esse é um disco do Sepultura.

E como foi passar mais uma vez pela saída de um integrante da formação original da banda?
É sempre horrível. A saída do Max foi bem traumática porque a gente teve que recostruir a carreira quase por completo. Com o Iggor a transição foi mais tranqüila, um processo de dois, três anos, e a gente já estava mais maduro. Foi difícil porque ele saiu em um momento crucial, mas comparado com a saída do Max foi bem mais sossegada.

Nesse meio tempo, sua carreira solo ganhou mais destaque.
Desde 2002 eu tenho feito algumas coisas, como o Brasil Rock Stars, tocando com convidados, e o meu disco solo, que finalmente ficou pronto e será lançado em março. A intenção é abrir mesmo possibilidades, arejar a cabeça e deixar a guitarra musicalmente mais interessante.

Em 2009 o Sepultura completa 25 anos. Haverá alguma comemoração especial?
O plano imediato é fazer uma turnê, tocar o máximo possível. E eventualmente reproduzir esse disco na íntegra e aproveitar isso para fazer versões de músicas antigas com orquestra, convidados, e gravar um DVD com esse material. Outra idéia é organizar uma exposição itinerante com o material desses 25 anos.

No ano passado o Sepultura gravou um comercial no qual tocava bossa nova. Na festa do Grammy Latino, no final do ano, a banda apresentou Garota de Ipanema em versão acústica. Houve alguma reação negativa dos fãs mais radicais?
Se teve reação negativa eu não vi. Ali havia o contexto da propaganda, foi um desafio pra gente, principalmente pro Derrick, que teve que cantar em português, mas foi muito bem feito. Garota de Ipanema e Sepultura são as coisas mais internacionais do Brasil, e foi legal juntar essas duas coisas.

Com a saída dos irmãos Cavalera você se tornou o líder da banda. Como é ter essa responsabilidade? Na verdade, eu sempre tive essa responsabilidade. Para mim é tranquilo, sempre tive essa postura de escrever letra, fazer música, falar, mesmo que isso fosse divido com eles. Agora a banda está forte, confiante, espero que a gente não mexa no time por um tempo. Espero que o Paulo fique até o final.
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