O que Tiririca e Pedro Taques têm em comum? Quase nada, diriam os apressados, lembrando que o primeiro foi eleito deputado federal em São Paulo, com mais de 1,35 milhão de votos, e o segundo senador da República por Mato Grosso, com mais de 750 mil votos. Os dois, porém, têm um ponto em comum: receberam o voto de protesto.
No caso de Tiririca, por exemplo, o eleitor paulista não votou em Francisco Everardo Oliveira Silva, e, sim, no palhaço, no humorista. Já o eleitor mato-grossense não votou no cidadão José Pedro Taques, mas no ex-procurador da República Pedro Taques.
Guardadas as devidas proporções, os dois foram, portanto, beneficiados do voto de protesto. O voto para o Tiririca foi o da ridicularização e do Pedro Taques contra a corrupção.
É possível dizer, portanto, que eles são frutos do descrétido de uma parcela da população com a classe política. Os discursos foram de acordo com as suas bandeiras. Tiririca cunhou o slogan: "Vote Tiririca, pior que está, não fica". Já Pedro Taques usou e abusou: "vou acabar com as mamatas dos políticos". Em nenhum momento, era o Francisco e muito menos José.
No horário eleitoral na TV e no Rádio se via, de um lado, o palhaço Tiririca e, de outro, o ex-procurador Pedro Taques. Os dois não tinham, na condição de cidadão comum, quase nada a apresentar para a avaliação popular. Os seus personagens tinha apelo emocional e, no caso do ex-procurador, um ingrediente a mais: o da honestidade.
É lógico que se formos compará-los no campo intelectual, existe uma distância de ano luz entre Tiririca e Pedro Taques. O palhaço, acusa o Ministério Público Eleitoral, seria analfabeto e teria falsificado a documentação provando o contrário. Quando muito, mal sabe ler e escrever . Já o ex-procurador da República, além de formado em direito, é professor e, com certeza, uma dos poucos a conhecer profundo as leis penais do país. Ou seja: um semi-analfabeto e um intelectual.
Mas a minha maior preocupação é com a possibilidade de Pedro Taques acabar virando Tiririca no Senado Federal. Não sei, posso estar errado, mas algo me diz que não conseguirá honrar os compromissos assumidos com 1/3 do eleitorado mato-grossense como acabar com a imunidade parlamentar e com as mamatas da classe política.
Afinal, quem vai assumir o mandato é o cidadão José Pedro Taques e não o ex-procurador Pedro Taques. Torço, porém, que consiga viabilizar os seus projetos e, ainda, ajudar Mato Grosso.
