O delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, negou nesta quarta-feira ter investigado o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, durante a Operação Satiagraha. Protógenes também negou ter investigado a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fabio Luís Lula da Silva, em meio à operação.

"Em nenhum momento existe indício de qualquer monitoramento do ministro [Mendes] ou que eu tivesse conhecimento que eu teria dever de oficio de informar", disse.

O delegado teria flagrado encontro de assessores de Mendes e do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, durante a operação. Questionado sobre o suposto flagrante, Protógenes se manteve em silêncio durante o depoimento aos deputados. Como depõe protegido por habeas corpus concedido pelo STF, o delegado não é obrigado a responder perguntas que possam produzir provas contra ele próprio.

Em meio à Satiagraha, Mendes fez duras críticas ao que chamou de "espetacularização" das ações da Polícia Federal. Na ocasião, as declarações do presidente do STF abriram uma crise entre os Poderes Judiciário e Executivo --uma vez que a PF é subordinada ao Ministério da Justiça.

Protógenes acabou afastado do comando da Operação Satiagraha por supostos abusos cometidos durante as investigações --como violação de sigilo funcional e vazamento de informações.

Lulinha

Protógenes foi convocado após reportagem da revista "Veja" informar que o delegado teria investigado diversas autoridades --como Dilma, Lulinha e o ex-ministro José Dirceu.

De acordo a revista, para investigar o filho de Lula, Protógenes teria dito a integrantes de sua equipe havia recebido uma missão presidencial. A revista diz que um dos espiões teria ouvido de Protógenes que o presidente Lula tinha interesse na investigação porque seu filho teria sido cooptado por uma organização criminosa --referência a Daniel Dantas.

A empresa de Lulinha fechou em 2004 um acordo com a Brasil Telecom, que na época era controlada por Dantas.