Moradores do bairro Santa Amália em Cuiabá tentam impedir a Rede Cemat de concluir a construção de uma linha de abastecimento de energia que cortará trecho do bairro e fornecerá energia para o Distrito da Guia. Na manhã desta segunda-feira (7), oficiais de justiça, policiais militares e agentes da Rotam cumpriram decisão judicial que determinava o imediato início da instalação dos postes.

Os moradores temem que a tensão da rede elétrica traga prejuízos econômicos e à saúde dos moradores. “É uma tensão muito alta e pode parar marca-passos das pessoas, pode queimar eletrodomésticos, sem falar que vai desvalorizar as casas da região”, opina o morador Luiz Ferreira, que há 27 anos mora na região.

O presidente do bairro, Rowel Arruda, declara que a disputa com a Cemat corre desde meados de abril de 2012, quando os moradores ‘descobriram’ o projeto. “Eles começaram a abrir o buraco na rua e nós descobrimos o que estava acontecendo depois que a gente investigou. Eles querem fazer isso sem consultar as pessoas, sem a nossa autorização”, reclama.


Rowel Arruda é presidente do bairro/ Foto: Lucas Bólico

Para evitar uma animosidade com as forças policiais que davam apoio ao cumprimento da decisão judicial concedida em caráter liminar, os moradores não tentaram impedir o início da escavação para a instalação dos postes. “Nós só não deixamos entrar máquinas aqui”, asseverou Rowel.

Para a Rede Cemat, no entanto, não há motivo para tanto alarde. O gerente de Projetos e Construção do grupo, engenheiro Célio Rassi, afirma que a tensão da rede que passará pelo local está longe de ser suficiente para causar danos a eletrodomésticos e marca-passos. “Isso não tem procedência”, afirma. A linha de transmissão que passará pelo local é de 138 kv.


Gerente de Projetos e Construção da Rede Cemat, engenheiro Célio Rassi/ Foto: Lucas Bólico

De acordo com Rassi, a obra está de acordo com as normas estipuladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Anel). “O campo magnético desta linha é menor que o campo magnético da Terra”, alega. “É bem inferior ao máximo permitido”. O engenheiro argumenta também que a linha é crucial para o momento que Cuiabá vive, pois, segundo ele, a energia abastecerá, indiretamente as obras da Copa.

“Está linha abastecerá a região da Guia e a fábrica de cimento Votorantim que está sendo construída lá. O cimento produzido lá vai abastecer as obras da trincheira da Copa”, sustenta. “Sem falar que com mais cimento produzido aqui, melhor para o consumidor”, conclui.

Disputa judicial

Na briga judicial, os moradores conseguiram parar a obra, mas a Rede Cemat garantiu a construção por força de liminar, cumprida hoje pela manhã. Em entrevista por telefone concedida ao Olhar Direto, o advogado dos moradores, Jonny Rangel, declarou que ainda hoje entrará com agravo para derrubar a decisão.


Foto: Lucas Bólico