A Igreja de Nossa Senhora do Pilar passa por restauração no Recife e a obra virou sala de aula para formar técnicos em restauro de construções antigas. Enquanto recuperam o patrimônio histórico em ruínas, 60 moradores de quatro comunidades da capital pernambucana aprendem uma profissão. A paróquia, construída no século XVII, foi depredada, saqueada e teve até o telhado furtado.

Homens, mulheres, jovens e adultos, quase todos desempregados, ganham uma ajuda de custo de R$ 150 para trabalhar na obra. “O importante é o diploma e estar fazendo o que gosto”, disse a dona-de-casa e agora restauradora Betânia do Nascimento, 38 anos, que tem quatro filhos.

Ela retira o reboco que cobria as pedras da fachada da igreja. Aos poucos, os aprendizes revelam as cores e os materiais do passado que estavam encobertos pela reforma da igreja.

Ao todo, 60 moradores participam do projeto e se tornarão técnicos em construção civil especializados em restauração.

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Pilar vai demorar um ano e consumir R$ 600 mil de investimento. Para que a igreja não seja destruída novamente, a comunidade será envolvida na preservação e na ocupação do prédio histórico.

"O proprietário é a arquidiocese, e vai ter um uso religioso. Mas também vai ser implantado, através do Pró-Criança, um equipamento social, provavelmente uma creche”, disse o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Frederico Almeida.

Patrimônio histórico

A Igreja de Nossa Senhora do Pilar foi construída em 1680 sobre os alicerces do Forte de São Jorge. A capela-mor do templo tem o formato de uma abóbada semi-esférica e é revestida de azulejos portugueses raros.