Olhar Direto

Sábado, 27 de abril de 2024

Notícias | Variedades

Em Paraty, Talese fala da importância da boa apresentação e critica Google

Com a elegância costumeira pela qual é famoso, o jornalista norte-americano Gay Talese --usando chapéu panamá, terno, colete verde e gravata amarela, além de reluzentes sapatos de couro-- lembrou os jornalistas, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (2), sobre a importância da elegância e das boas maneiras na profissão. "O jornalismo é, essencialmente, bater na porta. Você está vendendo alguma coisa? Está, está vendendo a si mesmo."


O jornalista falou ainda da importância do acaso, do encontro e das boas maneiras nas relações pessoais, afirmando ser necessário mais empenho e ação pessoal que pesquisa pela internet. "Não é possível usar o Google para construir a sua vida". É preciso, antes de mais nada, estar presente".

Durante 1h30 --extrapolando os 40 minutos dados pela organização da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty)--, Talese conversou com quase 50 jornalistas, respondendo de forma completa e elaborada às três perguntas que foram feitas.

Ao comentar a importância do processo de pesquisa na profissão, Talese falou durante quase 40 minutos sobre um episódio que narra em seu mais recente livro, "Vida de Escritor". Contou que a partir da final da Copa do Mundo de futebol feminino, em 1999, ele foi por conta própria até a China para tentar entrevistar a jogadora chinesa que perdeu o pênalti que custou à sua seleção o título. Depois de burocracias com o Ministério dos Esportes, Talese conseguiu encontrar a jogadora. A entrevista, porém, não serviu para nada --ela não falava inglês, ele não fala chinês e o tradutor era péssimo.

Porém, ele não voltou para os EUA. Ficou em Pequim para conseguir descobrir o que faria com aquilo. "Como entrevistador, como escritor de não ficção, você tem que ficar e descobrir o que fazer em seguida", disse, acrescentando que decidiu entrevistar a mãe e a avó da jogadora, e terminou, após três meses em Pequim e de ver a seleção chinesa nas Olimpíadas de Sidney, por escrever uma longa matéria sobre a nova China, do ponto de vista feminino.

Talese explicou que aqueles que em princípio seriam personagens secundários tornaram-se os agentes principais. Ou seja, ele escreveu não sobre a jogadora, mas sobre resistência, mudança e perseverança, que são sentimentos universais. Para ele, essa deve ser a grande preocupação de um jornalista.

"Não é preciso escrever em quantidade. Mesmo quando escrevia para um jornal cotidiano, eu não estava preocupado em falar para o leitor do dia seguinte. Procurava fazer textos que perdurassem e fizessem sentido anos depois', disse. Se a ideia de Talese era mesmo esta, certamente deu certo.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet