Nos últimos 12 meses, mais de 50 mil cirurgias foram suspensas no estado.
O número de processos pedindo procedimentos aumentou em 70%.

A greve dos médicos do SUS em Alagoas completou um ano em julho. Milhares de cidadãos esperam por cirurgias e não há sinal de acordo.

Nos últimos 12 meses, mais de 50 mil cirurgias foram suspensas em Alagoas. E o número de processos pedindo a realização dos procedimentos aumentou em 70%.

"A defensoria tem sido a última trincheira para que eles consigam o tratamento a que têm direito constitucional", disse o defensor público Ricardo Melro.

Os médicos autônomos - que também atendem à rede pública - querem receber 50% do valor que é repassado pelos planos de saúde particulares. A complementação seria feita pelo estado e município.

"É uma proposta que atende a metade do que nós ganhamos na rede conveniada", declarou Wellington Galvão, presidente do Sindicato de Médicos de Alagoas.

Estado e prefeitura dizem que não podem pagar. "Esse valor é de R$ 6 milhões por mês. Mais o que os hospitais gostariam, que são mais R$ 30 milhões. Ou seja, R$ 36 milhões. Inviabiliza", explicou Vanilo Soares, superintendente estadual de Atenção à Saúde.

"O profissional é de responsabilidade do hospital. Que ele encontre meios de garantir o profissional para realizar os procedimentos", disse Francisco Lins, secretário de Saúde de Maceió.

Só um hospital em Alagoas está fazendo as cirurgias eletivas pelo SUS: o Hospital Universitário, que é federal. Mas como a procura aumentou muito no último ano, a fila de espera também cresceu. Em algumas especialidades, como a cirurgia para redução do estômago, por exemplo, a demora pode chegar a dois anos.

"Isso agrava a situação do doente e as consequências não são boas. O prognóstico desse doente piora sensivelmente”, disse Alberto Fontan, chefe de cirurgia do HU.