O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (23), que o Brasil “não quer o lixo dos outros”. Lula comentou o envio ilegal de lixo do Reino Unido para o país, que ganhou destaque após a descoberta em Gana e no Brasil de uma grande quantidade de contêineres saídos dos portos ingleses de Tilbury e Felixtone.

“Não queremos exportar nosso lixo, e não vamos importar o lixo dos outros”, afirmou o presidente em discurso da cerimônia de abertura da Feria Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, em São Paulo, em que assinou um decreto que simplifica o registro de insumos agropecuários na produção de orgânicos.

“Vocês viram o que aconteceu agora: eles que são tão limpos e querem despoluir tanto mandam para cá contêineres de lixo dizendo que é para reciclar. Quem vai reciclar camisinha? Quem vai reciclar o lixo hospitalar?”, questionou.

Segundo o presidente, o governo está fazendo "uma investigação séria" com Ibama, Polícia Federal e Ministério Público, para devolver os contêineres de lixo.

Senado

No discurso, Lula também comentou a cobertura feita pela imprensa da crise no Senado. O presidente disse que não importa qual seja o assunto tema do discurso, a imprensa só quer perguntar sobre a crise do Senado. “Se não vem prefeito, governador, ministros, a imprensa não vem. Depois de todos os discursos que nós fizemos aqui, não pensem que vai ter uma pergunta sobre orgânicos. A pergunta vai ser sobre o Senado."

Lula disse esperar mais "condescendência" dos jornalistas. "Nossa presença é para dar a chance de a imprensa ser condescendente conosco e dizer para o mundo que nós temos política agrícola para o agronegócio, para agricultura familiar e para os produtores orgânicos desse país."

Mais cedo, em entrevista à Rádio Globo, Lula afirmou que é preciso “investigar” antes de “julgar” as denúncias divulgadas contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB). O presidente foi questionado sobre as escutas de telefonemas entre Sarney e o filho, o empresário Fernando Sarney.

“Não podemos tratar tudo como se fosse um crime de pena de morte”, disse o presidente. “É preciso saber o tamanho do crime. Uma coisa é você matar, outra coisa é você roubar, outra coisa é você pedir emprego, outra é fazer lobby. Tem que fazer as investigações corretas”, disse Lula.