O protesto contra o Governo Federal realizado neste domingo (12), em Cuiabá, foi marcado por coros de “Fora Dilma” e “Dilma pede pra sair”. Porém, entre as cerca de 3,5 mil pessoas que acompanharam todo o trajeto da manifestação, da Praça Ipiranga até a avenida Mato Grosso, se destacou um pequeno grupo que acha que a renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT) não é suficiente, e por isso clama por medidas mais drásticas.
Parados exatamente sob a placa com o nome da Escola Estadual Presidente Médici – nomeada em homenagem a Emílio Garrastazu Médici, que governou o país de 1969 a 1974, durante a ditadura militar –, eles seguravam uma faixa pedindo a intervenção militar.
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“Impeachment não resolve os problemas do Brasil, porque sai o PT e entra o PMDB, e depois volta o PT de novo. Todos os órgãos públicos, inclusive o STF (Supremo Tribunal Federal), estão corrompidos. A solução é a intervenção militar. Queremos voltar a ser governados pelo Exército Brasileiro. Durante o governo militar, tudo funcionava. A segurança, a saúde e a educação eram melhores”, afirmou Fernando Araújo à reportagem do
Olhar Direto.
(Fernando)
Aos 58 anos, Fernando, que trabalha como gerente administrativo,viveu todo o período da ditadura militar, e só tece elogios ao regime. “O maior erro do governo militar foi não ter matado Dilma, José Dirceu e José Genoíno, e ter deixado o Lula crescer daquele jeito”, afirmou. Os quatro, que hoje compõem a cúpula petista, foram presos durante a ditadura.
Questionado se prefere a ditadura militar mesmo sabendo que não poderia estar nas ruas fazendo um protesto como o deste domingo, ele foi taxativo. “Eu vivi o militarismo e a falsa democracia, que é o que estamos vendo agora. O regime militar foi péssimo para revolucionários, comunistas e arruaceiros. Mas foi bom para a população”, afirmou.
Na avaliação de Fernando, o fato de os militares brasileiros terem uma inclinação política mais à direita impediria o Brasil de caminhar rumo ao comunismo já que, de acordo com ele, o PT está levando o país pouco a pouco para essa forma de governo. “Uma parte minoritária do Exército é de esquerda, mas a grande maioria é de direita. Eles vão impedir o Brasil de virar comunista. Se você não lutar, e deixar isso acontecer, lá na frente você vai perder todo o seu direito à propriedade, sua casa, seu carro”, concluiu.
Para Luiz Fernando dos Santos, de 28 anos, a ditadura militar é a única forma de impedir que Dilma Rousseff transforme o país em uma ditadura comunista. “A Dilma está criando leis que estão levando o Brasil para o comunismo, para nos transformar em uma Cuba ou uma Venezuela. No passado, os militares impediram o país de seguir esse rumo, e eles são os únicos que podem salvar o Brasil novamente”, acredita.
22 anos de ditadura
O regime militar foi instalado no Brasil com o golpe de 1º de abril de 1964, que derrubou o então presidente João Goulart, que havia sido democraticamente eleito, e colocou o marechal Humberto de Alencar Castello Branco como governante. Outros quatro militares governaram o país durante o regime. A ditadura durou 22 anos e acabou sucumbindo em 1986, após muita pressão popular.
Nos anos finais, a ditadura já fraquejava e os militares tiveram que enfrentar movimentos populares como o das Diretas Já, em que milhares de pessoas saíram às ruas pedindo eleições diretas para presidente da República. A hiperinflação do final da década de 1980 e uma grande dívida externa foram algumas das heranças da ditadura militar brasileira, além de centenas de mortos e desaparecidos.
