O Mito do goleiro que além de defender, ainda fazia gols, terminou de ser escrito dentro das quatro linhas. O dia 10 de dezembro de 2015 será um daquelas que os são paulinos se lembrarão por vários anos. Rogério Ceni terminou o seu contrato com o São Paulo, 25 anos de serviços prestados ao ‘Tricolor do Morumbi’. O tempo, que por muitas vezes nos ajuda a esquecer tantas coisas, também leva algo que temos. Pela cabeça e o coração, Rogério continuaria, mas o corpo não suporta mais.
 
Paranense, da cidade de Pato Branco (PR), mas criado durante a sua adolescência em Sinop (477 km de Cuiabá), Rogério Ceni começou a escrever a sua história no futebol ainda cedo, com 17 anos. Atuando pela equipe da cidade onde morava, ele viu a chance de ser titular cair no colo, mesmo tendo começado como reserva. Pelo clube mato-grossense, o ‘capitão’ realizou 11 partidas, levando 6 gols e terminando com um título. No município, ele mantém um museu onde estão expostos diversos itens de sua carreira.


 
Depois, fez um teste no São Paulo Futebol Clube, onde ficou até hoje. Ceni começou como quarto goleiro do time de base, morava embaixo de uma das arquibancadas do estádio do Morumbi, estádio no qual sonhava defender a meta. Em julho de 1992, após a fatídica morte do goleiro Alexandre num acidente de carro, Rogério Ceni subiu em definitivo para o time principal, onde foi reserva de Zetti durante alguns anos.
 
Após seis anos de espera com a saída de Zetti em 1996 para o Santos, Rogério Ceni assumiu a posição de goleiro titular do time. Pelo São Paulo, o goleiro colecionou diversos títulos, mas o auge foi do ano de 2005 ao de 2008. Em 2005, o capitão tricolor foi campeão paulista, da Libertadores da América e do Mundial Interclubes, onde fez verdadeiros milagres conseguindo parar o ataque da equipe inglesa e sendo escolhido o jogador do torneio.


 
O ano de 2005 também foi um dos que o goleiro-artilheiro mais balançou as redes. Foram 21 gols, sendo que 11 foram de falta e 10 de pênalti. O mito foi o goleador do time na temporada. Depois, sob o comando de Muricy Ramalho, aquele que autorizou a primeira cobrança de falta do até então jovem Rogério, foi tricampeão brasileiro (2006, 2007 e 2008). Neste três anos, ele balançou as redes 31 vezes.
 
O ‘M1TO’ é o maior goleiro-artilheiro na história do futebol mundial. Sua precisão nas cobranças, tanto de faltas quanto de pênaltis, fizeram dele, em agosto de 2006, o goleiro com o maior número de gols marcados na história do esporte, superando o paraguaio Chilavert. Ceni marcou o centésimo justamente contra o maior rival de sua equipe, o Corinthians.
 
Entre os recordes também estão as seguintes marcas: jogador com mais vitórias pelo mesmo time, jogador com o maior número de partidas como capitão em jogos oficiais. Pela seleção brasileira a passagem foi curta, apesar de ter sido campeão mundial em 2002, como terceiro goleiro. Ao todo, Ceni participou de 17 partidas e duas Copas do Mundo, sendo que em 2006, entrou durante a campanha como forma de homenagem do então técnico Carlos Alberto Parreira.


(Foto: Wagner Carmo/Inovafoto/Vipcomm)

Rogério entrou três vezes na lista dos dez melhores goleiros do mundo, elaborada anualmente pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), entidade com sede na Alemanha. Foi indicado ao prêmio Bola de Ouro, da revista France Football, em 2007, sendo o primeiro jogador atuando na América do Sul a concorrer ao prêmio, mas acabou ficando em um vigésimo sétimo lugar.
 
Em 2013 Rogério Ceni se tornou o 7º maior artilheiro do São Paulo em competições oficiais na história do clube. Em 13 de novembro do mesmo ano, ao anotar o gol de pênalti contra o Flamengo, se tornou com 54 gols ao lado de careca o terceiro maior artilheiro do São Paulo na historia do campeonato Brasileiro. Ficando atrás somente de Serginho Chulapa e Luis Fabiano. Atualmente é o quinto maior artilheiro do Estádio do Morumbi, com 73 gols e o décimo maior da história do clube, com 129 gols.
 
Neste pequeno texto, ficou quase impossível relatar o que foi a história do maior ídolo que o São Paulo Futebol Clube conheceu até agora. Será difícil olhar para a meta do tricolor e não ver o ‘M1TO’. Vai-se o jogador Rogério Ceni, ficam a imagem, profissionalismo, comprometimento e amor ao clube. O tempo nos tira algumas possibilidades, mas também ajuda a lembrar da história.
 
Obrigado, Rogério Ceni! Não só pelo tanto que fez pelo São Paulo, mas por tudo que apresentou ao futebol brasileiro e mundial. Tanto é verdade que após a aposentadoria, os principais jogadores e ligas do mundo, elogiaram o eterno goleiro-artilheiro. Que o clubismo não afete a leitura dos que aqui vieram, personagens como este fazem bem e falta ao futebol.


(Foto: Reprodução)

Confira os recordes e números do goleiro:

Gols:
Total de gols marcados: 131
Gols de falta: 61
Gols de pênalti: 69
Gols de bola rolando: 1
Assistências: 7

Títulos:

Sinop

Campeonato Matogrossense: 1990

São Paulo

Campeonato Mundial de Clubes da FIFA: 2005
Copa Intercontinental: 1993
Copa Libertadores da América: 1993, 2005
Supercopa da Libertadores da América: 1993
Copa Sul-Americana: 2012
Copa Conmebol: 1994
Copa Master da Conmebol: 1996
Recopa Sul-Americana: 1993, 1994
Campeonato Brasileiro: 2006, 2007, 2008
Torneio Rio-São Paulo: 2001
Campeonato Paulista: 1998, 2000, 2005
Supercampeonato Paulista: 2002
Copa dos Campeões Mundiais: 1995, 1996
Troféu Cidade de Los Angeles: 1993
Troféu Jalisco: 1993
Troféu Cidade de Santiago de Compostela: 1993
Copa Euro-América: 1999
Torneio Constantino Cury: 2000
Eusébio Cup: 2013

Categorias de base

Copa São Paulo (Categoria Junior): 1993
Campeonato Paulista (Categoria Aspirante): 1993
Campeonato Paulista (Categoria Juvenil): 1990

Seleção brasileira

Copa do Mundo: 2002
Copa das Confederações: 1997