O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou, durante visita a Cuiabá, nesta sexta-feira (7), que tenha usado dinheiro público para financiar a campanha do prefeito eleito da capital paulista, seu afilhado político João Doria (PSDB). A acusação foi feita pelo atual prefeito Fernando Haddad (PT), derrotado nas urnas, que entrou com impugnação contra a chapa de Doria na Justiça Eleitoral. A ação foi protocolada no dia 1º e ainda não foi julgada.

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Além de Alckmin, também é alvo da ação o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), e outros dois governadores tucanos Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO). Todos são acusados pelo prefeito petista de supostamente injetar dinheiro para a campanha de Doria por meio de contratos com as empresas dele, em uma espécie de doação triangulada. Posteriormente, Doria usaria esses recursos para investir em sua campanha alegando serem "recursos próprios". 

Segundo Alckmin, os R$ 4,5 milhões pagos pelo governo paulista às empresas de Doria entre 2010 e 2015 não tinham objetivos eleitorais.“Não tem nada a ver com campanha eleitoral. Anos atrás, o governo federal, que era do PT, e vários governos estaduais participaram de encontros da Lide, que reunia 70% do PIB brasileiro”, afirmou ele durante entrevista coletiva em Cuiabá, no lançamento dos testes da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo.

O governador paulista negou também que as empresas de Doria tenham sido favorecidas por ele ser filiado ao PSDB, e disse que a Justiça desconsiderou as denúncias. “Ele é filiado ao partido há 15 anos. As ações que foram movidas em razão da prévia foram todas arquivadas na Justiça”, declarou.

Alckmin não quis comentar a tentativa de impugnação de Haddad, e destacou a vitória de Doria no primeiro turno, enquanto Haddad não conseguiu se reeleger. “Eu não vou entrar na questão jurídica. Mas acho que a resposta de São Paulo foi tão clara. Nunca na história alguém tinha ganho eleição no primeiro turno. Acho que a mensagem é: São Paulo tem pressa”, concluiu.

Doações trianguladas

Segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo UOL no portal da transparência dos quatro estados – São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Paraná –, foram repassados R$ 10,1 milhões às empresas de Doria entre 2010 e 2016. O jornal afirma que o governo paulista pagou R$ 4,5 milhões nesse período, sendo R$ 2,7 milhões para eventos patrocinados pelo Desenvolve SP e R$ 1,8 milhão em anúncios para revistas da Editora Doria.

Já o governo de Mato Grosso, segundo a Folha, pagou R$ 498 mil à Doria Eventos Internacionais em 7 de março deste ano, quando ele disputava as prévias para ser o candidato do PSDB a prefeito da capital paulista. A prestação de contas diz que o pagamento foi para a compra de uma cota no evento Lide Business Meeting, em Nova York (EUA), "no dia 19 de maio de 2016 [...], momento em que serão reunidas as principais lideranças empresariais e representante de fundos de investimentos, instituições financeiras".

A assessoria de imprensa de Pedro Taques respondeu à Folha que o repasse foi legal e que a contratação faz parte de uma estratégia para buscar investimentos internacionais. "A participação no evento em 2015 rendeu ao Estado a garantia de R$ 1 bilhão em investimentos estrangeiros. Sendo assim, a relação é institucional, e não partidária", afirmou a assessoria.

Confira a reportagem completa sobre os contratos tucanos no portal UOL e a matéria sobre a impugnação na Folha.