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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

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Centro de Pastoral para Migrantes reúne histórias de luta e superação

Foto: Rogério Florentino/ Olhar Direto

Centro de Pastoral para Migrantes reúne histórias de luta e superação
O Centro de Pastoral para Migrantes de Cuiabá foi fundado no dia 17 de agosto de 1980 e já atendeu mais de 210 mil pessoas que buscam emprego e moradia no Estado. A princípio, a casa atendia apenas pessoas que vinham de outros estados para trabalhar nas usinas em MT. Em 2012, com a onda de imigrantes haitianos, a pastoral passou a atender essas pessoas na regularização dos documentos e na busca por emprego. Só de imigrantes já foram cerca de cinco mil acolhidos nos últimos seis anos.


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Eliana Aparecida Vitaliana é coordenadora da Pastoral e contou a Olhar Direto a luta diária pela qual essas pessoas passam. “Eles chegam sem nada e só precisam de uma oportunidade para reconstruir a vida”, afirma. Além do encaminhamento para o trabalho em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Pastoral atende também os imigrantes que estão fora da casa mas que precisam regularizar a  documentação. É feito um levantamento de quais documentos faltam, se estão em situação de refúgio, se têm cartão do SUS, carteira de vacinação em dia, cadastro em algum programa social e feito encaminhamento para confecção da carteira de trabalho.



O prazo para o imigrante ficar na casa a princípio é de 45 dias, que é o tempo que a equipe tem para inserir essa pessoa no mercado de trabalho. Não é sempre que o imigrante consegue um emprego nesse prazo, então o tempo de permanência acaba se estendendo. “A gente vai negociando esse prazo de permanência na casa porque não adianta permanecer muito porque tem outros querendo entrar”, afirma Eliana.



O casal Davidson Jean e Mirlande Sadiel està à espera do primeiro filho. Gestante de seis meses ela está preocupada pois já está na casa há dois meses e o esposo ainda não conseguiu um emprego. Eles dependem totalmente da pastoral e das doações para ter onde morar.

“Todos os casos marcam aqui nós choramos juntos e rimos juntos, todos eles têm uma expectativa de mandar dinheiro para a casa e uma preocupação com a família que ficou, um desespero para poder dar certo. Alguns casos são mais tristes, nós tivemos dois óbitos esse ano por problemas de saúde que nos deixam muito abalados. São todos imigrantes que vieram com uma perspectiva de alcançar o seu sonho e encontraram a morte na caminhada então nem tudo é alegria”, lembra a coordenadora.
 
Até 2012, o número de imigrantes que procurava a casa era muito baixo, geralmente algum turista que havia sido assaltado e precisava refazer seus documentos para voltar para o seu país, mas a onda de haitianos que chegaram em Mato Grosso com o objetivo de morar no estado fez com que a Pastoral se adaptasse para conseguir atender essas pessoas e inserí-las no mercado de trabalho.

Eliana explica que o foco da maioria é buscar recursos para ajudar os familiares que ficaram no país de origem. “Quando eles conseguem o trabalho e recebem o primeiro salário geralmente eles mandam tudo para a Venezuela porque o desespero por aqueles que ficaram lá é muito grande então a gente fala manda um pouquinho, arranja uma casinha ou uma kitnet primeiro. As vezes eles juntam de dois ou três e alugam juntos para dividir o aluguel, alguns serviços tem alojamento também. Algumas pessoas trocam os moveis e mandam os moveis antigos para cá então nós vamos tentando mobiliar essas casinhas para eles, uma cama, um fogão, tudo é muito importante porque muitos aqui saem sem nada, muitas vezes não tem nenhum colchão e tem que seguir a sua vida, alguns casos os empregos acabam não dando certo, mas a maioria permanece no emprego e consegue trazer a família”.
 
A Pastoral recebe ajuda da Paroquia do Divino e da Prefeitura de Cuiabá, que garante além da ajuda de custo com água e energia, 40% da alimentação que é servida na casa. São cerca de três refeições diárias que consomem 20 kg de alimentos dia, em torno de 600 kg mensais. A participação da população é de extrema importância, os imigrantes chegam sem nada então eles precisam de doação de roupas, sapatos e produtos de higiene pessoal.
 

 
São várias histórias de sofrimento e de superação como é o caso da Rosbelle Rojous, de 46 anos, ela conta que veio para Cuiabá junto com o primeiro grupo de venezuelanos no Centro de Pastoral para Migrantes. Ela relata que passou muitas necessidades juntamente com o esposo, mas que Cuiabá os recebeu de braços abertos. “Cheguei no dia 6 de abril com a primeira turma de venezuelanos que veio para Cuiabá e o recebimento foi lindo, todos da turma [de venezuelanos] são muito receptíveis. Chegamos aqui e nos sentimos em uma casa de verdade porque só queríamos um prato de comida, uma cama para dormir e essa é uma casa de verdade, nos deram o que precisávamos, se não fosse isso uns iriam morrer de fome, outros iriam morrer doentes, aqui é muito importante porque se não fosse assim seria muito difícil conseguir trabalho então só de chegar aqui já foi um alivio”. 
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