A ação policial na região do Jardim Filhos da Terra, na zona norte de São Paulo, obrigou cerca de 200 crianças a ficarem isoladas por três horas dentro de um Centro Educacional Unificado, o CEU Jaçanã.

A medida foi tomada pela Polícia Militar por precaução, logo após o início da ação para reprimir os grupos que protestavam contra a morte de um rapaz pela polícia, no final da tarde de ontem.


Mães demonstravam desespero atrás das barreiras de isolamento. "Minha filha de seis anos está lá no CEU. Dizem que ninguém entra e ninguém sai, mas eu quero ela de volta", dizia, com olhos cheios de lágrimas, a faxineira Elaine Santana, 34, moradora da região.

A escola fechou as portas por volta de 18h e só começou a liberar as crianças a partir das 21h. Peruas escolares lotadas saíam aos poucos. Por volta de 22h, ainda havia crianças acompanhadas de mães e parentes deixando o CEU Jaçanã.

O número de crianças de mãos dadas com familiares nas ruas chamava a atenção. Na área onde a polícia realizou a ação há, além do CEU, pelo menos outra escola e uma creche.

Também havia mães com crianças de colo. 'Estava no ponto, eram mais ou menos 6 e meia. Aí botaram fogo no ônibus, chegou a polícia e tive de fugir para dentro de uma casa', disse a doméstica Luciene Alves, 32, que, só às 22h, retomou a coragem para pegar a filha Jamile, 3, no colo e seguir para a casa de uma amiga que mora no bairro. Ela desistiu de voltar para sua residência, que fica a alguns quilômetros dali.

Protesto

Segundo a PM, dois suspeitos foram abordados por volta das 18h na rua 1, região do Jardim Jaçanã, e reagiram. Baleado em troca de tiros, um deles --que não teve o nome informado- foi levado a um hospital na região, mas não resistiu aos ferimentos.

Pouco depois, dois ônibus foram queimados na região da rua País Natal (Jardim Filhos da Terra). Não há registro de feridos nos ônibus. Cerca de 150 pessoas participaram do protesto.