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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Veja fotos da reprodução

No dia da reconstituição no Alphaville, testemunhas divergiram sobre local em que case foi encontrado

Foto: Reprodução

Local em que ocorreu a tragédia

Local em que ocorreu a tragédia

Um fato sobre o local em que foi encontrado o case em que estavam guardadas as armas chamou bastante atenção no dia da reconstituição da morte de Isabele Guimarãe Ramos, 14 anos, morta com um disparo de arma de fogo efetuado pela própria amiga, de mesma idade, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá. As testemunhas que participavam da simulação acabaram apresentando versões contraditórias. Olhar Direto teve acesso a novas imagens que mostram alguns detalhes do trabalho policial feito na residência.


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Consta no depoimento da adolescente que efetuou o disparo que, logo após a tragédia, o seu irmão subiu até o closet. Neste momento, ela então teria corrido até o quarto da mãe, para guardar o case e as armas no armário.
 
Porém, houve divergência neste ponto durante a reprodução simulada. O irmão da adolescente e outro menor contaram que subiram até o quarto onde estava ela e os dois disseram que viram o case com as duas armas sobre a bancada da mobília (escrivaninha), no quarto da acusada.


 
Destas narrativas, verificou-se que o case não foi guardado antes da chegada de X. e Y. e que case não estava nas mãos da adolescente e sim sobre a bancada da escrivaninha. Vale lembrar que exame de luminol feito pela perícia apontou que não havia presença de sangue na maleta (fora e dentro) e nem na outra pistola que estava guardada nele.
 
O irmão da adolescente ainda disse durante a reprodução que, ao subir até o closet, avistou a menor pulando e gritando “Bel, Bel, Bel”. Além disto, acrescentou que a menina gesticulava com as duas mãos abertas vibrando na altura do rosto, demonstrando desespero.



Dinâmica dos fatos

O inquérito mostra que o namorado da adolescente que atirou vai de Uber até a casa dos Cestari e deixa a arma sem munição. A pistola passa pela mão de várias pessoas, que inclusive apertaram o gatilho. A vítima então chega às 16h41 no local. No total, eram nove pessoas na residência, entre familiares e visitantes. 

Entre 21h e 21h30, o namorado da adolescente que atirou resolveu ir embora da casa. Ele então insere o carregador na arma. “Pegou o carregador que estava na mochila e inseriu na pistola, sem que isto fosse visto pela responsável pelo disparo”, comenta o delegado Wagner Bassi.

As duas armas então são guardadas e fechadas dentro do case, que não tem cadeado, mas sim apenas uma trava. 

Às 21h59, o namorado da atiradora deixa o condomínio de luxo. A adolescente então pega o case com as duas armas, em cima do sofá da sala e sobe a escada. A única que estava municiada (o que é diferente de carregada, quando está pronta para o disparo) era a que disparou.

O tempo de subida da escada é de 36 segundos, segundo a reconstituição. "Ela [adolescente] disse - em depoimento - que foi ao quarto do pai, o que não aconteceu. Ela vai direto até o quarto dela, pega o case e o abre", explica o delegado. Depois, pega a arma, e vai para o banheiro, no quarto dela, onde estava Isabele, fumando cigarro eletrônico.

As duas então ficam no banheiro durante 1 minuto e 18 segundos (78 segundos). Neste intervalo de tempo, acontece um disparo, como já revelado anteriormente, a curta distância. Neste meio tempo, desde que saiu do case, até que houvesse o disparo, a arma é carregada (há o movimento para que seja inserida a munição na câmara da pistola e a deixasse pronta para o tiro).

Às 22h01, a porta se abre e as câmeras, que funcionam por movimento, ligam. Sendo assim, é iniciada uma gritaria dentro da casa, o que mostra que o crime já ocorreu.

A investigação apenas constatou que a versão apresentada pela adolescente não é compatível com as provas e concluiu por ato infracional análogo a homicídio doloso, já que a adolescente, no mínimo, assumiu o risco ao não verificar se a pistola estava carregada e apontar para o rosto de Isabele.

Vale lembrar que a adolescente disse que o disparo ocorreu de forma acidental, após o case com as armas cair de sua mão e a pistola disparar enquanto ela a pegava. Porém, o exame de luminol feito nos objetos não mostra sangue na maleta onde estavam os armamentos.

Somente havia sangue nas roupas da adolescente que atirou e na arma do crime. Isabele, provavelmente, não sentiu nada e morreu na hora. Isso porque a região atingida faz com que o corpo praticamente 'desligue' e que a vítima caia já sem vida.

A perícia aponta que a adolescente de 14 anos, que realizou o disparo, posicionou-se na frente da vítima, elevou a arma a uma altura de 1,4 metro do chão, com alinhamento horizontal e a uma distância entre 20 e 30 centímetros do rosto de Isabele.

Homicídio

A adolescente de 14 anos, responsável pelo disparo que matou Isabele Guimarães Ramos, de mesma idade, no dia 12 de julho, responderá por ato infracional análogo a homicídio doloso. Concluiu-se na investigação que ela, no mínimo, assumiu o risco ao apontar a arma para o rosto da amiga e não verificar se a arma estava pronta para o disparo. 

A sua 'pena' (medida sócioeducativa) máxima, conforme o delegado Wagner Bassi, poderá ser uma internação de até três anos, em estabelecimento educacional. Isso pode ocorrer durante o processo ou somente após a conclusão dos trabalhos na Justiça. Em casos envolvendo adolescentes, não há prisão. 

As investigações mostraram que a versão apresentada pela adolescente de 14 anos não condiz com o que se apurou e com o que consta nos laudos da perícia. 

Arquivamento

A defesa da família Cestari, patrocinada pelos advogados Artur Barros Freitas Osti e Leonardo do Prado Gama, pediu à Polícia Civil e Ministério Público Estadual o arquivamento do inquérito contra a adolescente de 14 anos, que matou Isabele Guimarães Ramos, de mesma idade, no dia 12 de julho deste ano, no condomínio Alphaville, em Cuiabá. Ela responde por ato infracional análogo a homicídio doloso. O pedido, que utiliza o termo técnico de clemência, é uma espécie de remissão. Para tanto, o empresário Marcelo Cestari, pai da menor, se colocou à disposição para responder por todos os quatro crimes aos quais foi indiciado.

Os advogados pontuam no pedido que a adolescente, desde o dia dos fatos, vem sofrendo todas as consequências imagináveis – e também as não imagináveis – inclusive represálias no ambiente escolar, ainda que as aulas estejam ocorrendo em formato virtual.
 
“O fardo da menor tem sido pesado demais e um processo tornará o mesmo insustentável!”, dizem os advogados.
 
Por mais de uma vez, a defesa sustenta que o fato trata-se de um trágico acidente e que a adolescente está tendo sua vida exposta indevidamente perante a imprensa, além de ser vulgarizada em programas televisivos e agredida verbalmente até nos ambientes escolares.
 
“O fardo é tamanho que, logo um dia após os fatos, a pessoa mais próxima da vítima, seu irmão encaminhou à menor o seu sentimento de lamento, mas acima de tudo, de compreensão de que os fatos não decorreram de qualquer hipótese de assunção de riscos permitidos ou não permitidos por parte da mesma, concluindo tal qual a presente manifestação, que o resultado jamais poderia ser previsto”, diz outro trecho do documento.
 
Por fim, entendem os advogados que “o fato é que a instrução processual, ao menos no que se refere a menor pode ser evitada mediante a concessão da clemencia, nos moldes do que dispõe o artigo 126 do Estatuto da Criança e do Adolescente”.
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