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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

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Cerca de 80 famílias indígenas estão ameaçadas pelo fogo no Pantanal

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Cerca de 80 famílias indígenas estão ameaçadas pelo fogo no Pantanal
Cerca de 80 famílias do povo guató estão ameaçadas pelo fogo que avança sobre o Pantanal e sobre a Terra Indígena Baía dos Guató, homologada em 2018 e uma das três Terras Indígenas (TIs) atingidas pelos incêndios, que já consumiram mais de 9% da área total do bioma mato-grossense. 


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De acordo com informações do Instituto Centro de Vida (ICV), o fogo, fumaça e baixa umidade se juntaram ao coronavírus e colocam em risco os indígenas. De janeiro a agosto, foram detectados 148 focos de calor em terras indígenas no bioma. Para piorar, Poconé, campeão dos focos de calor, registrou 514 casos confirmados de Codiv-19 e 21 óbitos até 2 de setembro.

Nenhuma das terras indígenas de atingidas pelo fogo no Pantanal conta com brigadistas indígenas e o número de agentes indígenas de saúde é insuficiente em todo o estado.

"A floresta, os rios e os animais são sagrados. É dela que tiramos nosso sustento e remédios de muitas enfermidades. Com esse fogo devastando tudo, muitas das coisas não se recuperam mais", conta Alessandra Guató, uma das moradoras do território.

As 35 famílias do povo bororo da Terra Indígena Perigara tiveram 8,1 mil hectares consumidos pelos incêndios, mais de 75% de seu território – número que a posicionou como a TI mais impactada pelas queimadas neste ano em todo o estado.

A área equivale a mais de oito mil campos de futebol em extensão atingida pelo fogo que destrói alimentos e remédios naturais e coloca em risco as moradias dos indígenas na região. Já a Terra Indígena Tereza Cristina perdeu 12% de área para o fogo, que atingiu 3,3 mil hectares.

As TIs Perigara e Baía dos Guatós estão localizadas no município de Barão do Melgaço, que figura como segundo município mais atingido pelo fogo no estado, com 123,6 mil hectares incendiados, atrás apenas de Poconé, líder em queimadas em todo o estado com 312 mil hectares impactados.
 
Os dados são da nota técnica "Caracterização das áreas atingidas por incêndios em Mato Grosso" do Instituto Centro de Vida (ICV) que analisou dados disponibilizados pela Global Fire Emissions Database da NASA e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo combina focos de calor e interpretação de imagens de satélite para estimar as áreas atingidas pelos incêndios no período de janeiro ao dia 17 de agosto.
 
A área destruída deve ser ainda maior até o fim do período de seca. É o que aponta o Monitor de Queimadas do ICV, que monitora os números de focos de calor no estado. Os dados mostram que, de janeiro a agosto, foram detectados 148 focos de calor em terras indígenas no Pantanal. O mês de agosto, em que a alta incidência de ventos na região aumenta o risco da propagação dos incêndios, concentrou 81% das ocorrências.

Os números representam um aumento significativo para as TIs no bioma. Em 2019, a categoria somou cinco ocorrências no mesmo período e, em 2018, não contabilizou nenhuma. Nas três TIs impactadas, a Baía dos Guatós lidera a lista com 89 focos, seguida da TI Perigara com 48, e da TI Tereza Cristina com 11.

"Elas não têm gente para apagar o fogo e nem equipamento. É um grande risco porque as casas são de palha e podem pegar fogo muito rápido. É grave porque os indígenas tão vendo o fogo se aproximando cada vez mais", alerta Soilo Urupe Chue, assessor da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT).

Uma preocupação dos indígenas guató apontada por Alessandra é a mortandade dos peixes que a sujeira dos incêndios pode causar na época da cheia. "Quando começa toda essa água suja do campo ir para os corixo mata muito peixe. Nós, guató, chamamos isso de dequada, não sabemos o nome científico desse processo. Mas estamos muito preocupados porque a nossa principal base alimentar é o peixe, que também é fonte de renda", diz.

Além dos riscos às moradias e aos cultivos de subsistência das aldeias, as queimadas ainda agravam a situação de vulnerabilidade acentuada vivida pelos indígenas durante a pandemia. A fumaça pode causar ou agravar doenças respiratórias, consideradas de risco com a incidência do vírus.
 
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