A secretária municipal de Saúde de Cuiabá Ozenira Félix afirmou que a questão dos medicamentos vencidos que veio à tona na mídia no último final de semana já vinha sendo investigada pela gestão, e que a ação dos vereadores pode ter prejudicado. Segundo ela, caso o responsável pelo problema tenha ‘dolo’, quando o fato veio à tona esta pessoa pode ter ficado alerta. Ozenira ainda lamentou o fato de os parlamentares terem entrado no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos (CDMIC) sem pedir autorização. Ela participou de sessão virtual na Câmara de Vereadores nesta terça-feira (27).

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Ozenira contou que logo que assumiu a Secretaria de Saúde o responsável pelo CDMIC a procurou preocupado com a questão dos medicamentos vencidos. “Eu falei, a primeira coisa que você tem que fazer é documentar, não posso ouvir e não tomar providências, mas preciso saber qual é o contexto”, explicou. Segundo a secretária, depois desta denúncia ela iniciou, em sua gestão, uma investigação para entender o que estava acontecendo.

A secretária explicou que precisava lidar com a situação com cuidado, porque acusar algum servidor poderia “acabar com a vida” da pessoa, e que o problema é delicado. Por este motivo, ela iniciou o levantamento de documentação que, inclusive, levou até a Câmara de Vereadores nesta terça-feira (27).

“Existe todo um processo que vai de uma unidade de saúde, secretaria, que vai de todo um processo que existe de funcionamento, não existe um culpado a ou b e existe as falhas do sistema. Houve falhas. Nada justifica essas falhas. O recurso que temos é da população, temos consciência disso, principalmente na área pública a população precisa de uma saúde que faça frente às necessidades da população”, admitiu. Segundo Ozenira, apesar dos problemas também houve avanços, e também que entrou em um momento difícil por conta da pandemia de Covid-19.

“Estamos num momento de pandemia que é outro problema, ele alterou completamente o funcionamento da secretaria. Usávamos um tipo de medicamento, a partir do Covid deixamos de usar (...). O foco se voltou para a Covid, sendo que temos outras patologias, outros problemas, mas estamos num momento de enfrentamento”, explicou.

Filmagem feita pelos vereadores

A secretária lamentou o fato de os vereadores terem ido até o CDMIC sem pedir autorização. Segundo ela, este fato foi antidemocrático e, além de tudo, pode ter atrapalhado a investigação. “Abrimos o Pronto Socorro para ver, admitimos as nossas falhas que não são pequenas, todas as unidades de saúde que foi necessário nós abrimos, nós não temos nada do que a gente faz necessário, e eu fiquei extremamente triste principalmente pelo Diego que me mandou uma mensagem dizendo que foi autorizado, porque eu nunca neguei a entrada de ninguém em nenhuma unidade, eu peço simplesmente o respeito à unidade para a gente designar uma pessoa para estar junto esclarecendo”, afirmou.

Outra questão apresentada por Ozenira foi o que foi trazido por um dos farmacêuticos, de que um dos medicamentos filmados pelos vereadores não faz parte do rol de medicamentos da Prefeitura. Por este motivo, já foi aberta também uma sindicância para investigar estas filmagens. Por fim, a secretária afirmou que o fato de a investigação sobre os medicamentos vencidos ter vindo à tona antes das conclusões pode fazer com que ela seja prejudicada, já que se houver um responsável que agiu com dolo, ele agora está alerta e pode agir para destruir provas.

Além da secretária, diversos técnicos do CDMIC também compareceram à Câmara na manhã desta terça-feira (27), após convocação da Comissão de Saúde. Eles apresentaram questões mais técnicas da problemática dos medicamentos.