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Sábado, 04 de maio de 2024

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ENTREVISTA

Professor fala sobre últimas chuvas e faz alerta para calor acima do normal na estiagem

Foto: Rogério Florentino/ Olhar Direto

Professor fala sobre últimas chuvas e faz alerta para calor acima do normal na estiagem
O período de estiagem se aproxima. No entanto, antes disso, a chuva deve voltar a cair na capital mato-grossense neste final de semana. Pelo menos isso é o que aponta a previsão do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), que é ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A maior chance de precipitação é no sábado, quando a probabilidade é de 90%. A causa dela é uma frente fria, que deve fazer cair as mínimas em Cuiabá.


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O professor de Climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), doutor Rodrigo Marques, explica sobre as últimas chuvas antes do período crítico e alerta para as altas temperaturas que se aproximam.

Rodrigo é licenciado e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso (2005), mestre em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso (2006), Doutor em Ciências (Meteorologia) pelo Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo - USP (2011). 
 
Confira a entrevista na íntegra:
 
Olhar Direto: Quando deve acontecer a última chuva em Cuiabá? Ela realmente será uma das últimas?

R: As chuvas agora durante o período seco (maio a setembro) são vinculadas a entrada de frentes frias, com exceção do final de setembro onde geralmente já é o início da estação chuvosa. Então não se pode afirmar que esta será a última chuva, caso realmente chova como o previsto neste final de semana. Outras frentes devem ocorrer durante este período, sendo possível a ocorrência de novas precipitações. O último registro que temos foram dos dias 25 e 26 de abril quando houve registro de 5,8 e 1 mm respectivamente, também nas vésperas de uma frente fria. No dia 07 de maio houve registro, mas inferior a 1 mm, então nem se considera, mas muita gente terá na memória a garoa que ocorreu, também por conta de uma frente fria. As previsões indicam que no Centro e Centro-Sul de Mato Grosso as chuvas tendem a ser dentro do esperado para junho, julho e agosto, no Médio-Norte e Norte as chuvas tendem a ser abaixo do que é esperado (ou seja, abaixo da média histórica), com dois pontos localizados que se espera chuva acima do normal.
 
OD: Pode ser de forte intensidade? Qual volume esperado?

R: Os volumes podem variar bastante, mas o que se observa neste caso é que esta frente fria deve organizar o alinhamento de áreas de instabilidades (que causam chuva) na região Norte do país, e assim favorecer o deslocamento de umidade da Amazônia para as regiões Centro Oeste e Sudeste, formando o que denominamos de Zona de Convergência de Umidade. Se você observa os dados do Climatempo, no sábado eles indicam que grandes áreas de Mato Grosso podem ter chuvas de até 10 mm com três pontos mais ao sul indicando que podem ocorrer chuvas com volume maior que 40 mm. Para o domingo, dia 23, eles indicam chuvas com maiores volumes que 30mm para uma grande área do Estado, no sentido Noroeste-Sudeste (característico da Zona de Convergência de Umidade e também do sentido de deslocamento da frente fria que vai avançando para as regiões mais ao norte). O INMET já prevê uma chance maior de chuva para este sábado, dia 22. Só lembrando que quando falamos em volume de chuva em mm, 1 mm significa que choveu 1 litro por metro quadrado de área, então 40mm significa 40 litros por metro quadrado de área, uma chuva com volume elevado.

OD: A estiagem deve mais longa esse ano? O que indica isso?

R: Embora as chuvas este ano em Cuiabá por exemplo, tenham sido bem abaixo do normal entre Janeiro-Abril, a expectativa é que no Centro e Centro-Sul de Mato Grosso as chuvas tendem a ser dentro do esperado para junho, julho e agosto, no Médio-Norte e Norte as chuvas tendem a ser abaixo do que é esperado (ou seja, abaixo da média histórica), com dois pontos localizados que se espera chuva acima do normal. Entretanto para temperatura os modelos de previsão indicam que elas devem ser mais altas que o normal em praticamente todo estado, sobretudo em toda região do Araguaia desde a divisa com Mato Grosso do Sul até o Pará. Isto não quer dizer que será mais quente que o ano de 2020, porque o ano passado foi o ano mais quente já registrado em Mato Grosso, onde as temperaturas chegaram a 44,6°C em Nova Maringá, 44,5°C em Poxoréu, 44°C em Cuiabá, 43,7°C em Guiratinga e 43,5°C em Rondonópolis. Mas que é necessária atenção do poder público no sentido de realizar um trabalho preventivo contra as queimadas, que devastaram o Mato Grosso o ano passado, sobretudo o Pantanal. Lembrando que não é o tempo seco e quente que causa a queimada, pois predominam as queimadas ilegais, e não somente para limpeza para fins agropecuários, já se sente nas cidades a fumaça das queimadas urbanas, e não vemos movimentação para coibi-las. Uma vez causado o incêndio, o ambiente seco facilita a propagação das chamas, ao ponto do que sentimos o ano passado.

OD: E a frente fria, ainda existe possibilidade de chegar na capital? Deve ser forte? Pode existir novo recorde de frio?

R: A frente fria deve chegar na noite de sábado para domingo em Cuiabá, entretanto as mínimas devem ficar entre 16 e 19°C, provavelmente a menor temperatura deve ser registrada na madrugada de domingo para segunda ou nas primeiras horas da manhã de segunda feira, dia 24, e não devem ser inferiores a mínima de 14,3°C registrada em 07/maio.
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