O ex-governador Júlio Campos (DEM) criticou a decisão do presidente nacional do partido, ACM Neto, pela fusão com o PSL, criando o União Brasil. Segundo Júlio as bases não foram consultadas e a decisão foi pessoal. Ele disse que o partido já nasce dividido, por causa da divergência filosófica entre as siglas, e não sabe se continuará filiado.
 
Leia mais:
Com presença de Mauro, Jayme e Botelho, DEM aprova fusão e criação do União Brasil
 
No início deste mês de outubro foi aprovada, durante a convenção nacional do Democratas, a fusão com o PSL e criação do partido União Brasil. O ex-governador Júlio Campos é um dos nomes sondados para liderar o partido em Mato Grosso. Ele, no entanto, disse que isso não está em seus planos.
 
“Eu acho que já dei a minha contribuição no PDS, no PFL, no DEM e é a hora da União Brasil, que é um partido novo fruto da fusão do Democratas com o PSL, eu acho que tinha que pôr um quadro novo, diferente, alguém agregado. Agora, se não tiver outra pessoa, pode ser que eu possa cumprir aí essa missão, mas não está no meu plano nenhum cargo nesse momento”.
 
Júlio, que analisava uma candidatura a deputado estadual pelo DEM nas eleições de 2022, disse que agora o cenário mudou e tudo é incerto. Ele afirmou que não sabe se continuará filiado, mas que ainda é cedo para tomar qualquer decisão. Deputados do PSL também consideram deixar a sigla, por causa da fusão.
 
“Acho que é problema de falta de filosofia, o Democratas é um partido, o PSL é outro, muito bolsonarista, então quer dizer, eu sou a favor da terceira via. Para o bem do Brasil tem que surgir o terceiro candidato. Agora se eles quiserem permanecer, com prazer, é claro. Eu não estou falando porque ainda nem filiei na União Brasil, eu ainda estou ausente. Mas todos são bem-vindos, são pessoas que eu tenho um bom relacionamento pessoal, mas que cada um vai cuidar do seu futuro político. Se eles acham que dentro desse novo quadro eles podem correr risco de não reeleição, eu acho que cada um tem que cuidar do seu rumo”.
 
O ex-governador ainda criticou a atitude do presidente do partido, ACM Neto, pois a decisão foi pessoal, sem consulta às bases do DEM pelo Brasil. Para Júlio, o União Brasil é um partido que nasce dividido.
 
“Eu acho que [nasce dividido] sim. Não consultou, foi um erro grave do ACM Neto tomar essa decisão por conta própria, sem ouvir as bases. Nunca ele deu um telefonema ou mandou um comunicado para nós fundadores do Democratas, se concordávamos ou não com essa filiação. Foi um gesto pessoal do presidente do partido, da sua cúpula da direção nacional, que na última hora já comunicou que está fundindo, isso é coisa malfeita e pode não dar certo”.