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Terça-feira, 07 de maio de 2024

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ANO DE PANDEMIA

Porto relembra dificuldades com 45% dos estudantes sem internet e projeta 2022 como “melhor ano letivo da história”

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Porto relembra dificuldades com 45% dos estudantes sem internet e projeta 2022 como “melhor ano letivo da história”
Quando recebeu o posto de secretário de Estado de Educação, substituindo a professora Marioneide Kliemaschewsk, em novembro de 2020, Alan Porto já conhecia a Seduc “de dentro” desde 2017. Talvez não imaginasse, no entanto, o tamanho das dificuldades que viria a enfrentar. Ele esteve à frente da pasta no pior momento da pandemia de Covid-19, em uma realidade de aulas remotas em que 45% dos estudantes do estado não tinham acesso à internet. Lançou programas polêmicos e tomou decisões que desagradaram servidores e o atuante Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) e resultaram em críticas públicas, seja nos autofalantes de manifestações ou no plenário da Assembleia Legislativa, pela voz de deputados da oposição como os petistas Lúdio Cabral e Valdir Barranco.


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Em entrevista ao Olhar Direto, o gestor fala de sua experiência à frente do que considera “ secretaria mais importante do Estado”, e projeta o “melhor ano letivo da história do estado de Mato Grosso em 2022”. Além disso, rebate as críticas e fala sobre o início do ‘Novo Ensino Médio’, de caráter mais técnico e profissionalizante, que deve começar a ser implantado no próximo ano. Ainda nega que tenha pretensões eleitorais e afirma que pretende continuar à frente da Pasta até o final do mandato do governador Mauro Mendes. Leia a íntegra da entrevista:
 
Olhar Direto – Vamos começar fazendo um balanço assim desse ano? O senhor assumiu no meio de um Furacão da pandemia, em que a área da educação foi uma das mais afetadas. Como o senhor recebeu a pasta e como está terminando o ano?

Alan Porto - Bom, vamos lá, eu estou na Secretaria de Estado de Educação desde 2017. Entrei como secretário adjunto de infraestrutura, em 2019 como secretário executivo e no dia três de novembro de 2020 eu assumi como secretário da pasta. E um grande desafio por conta desse processo da pandemia. No mês de março de 2020 nós tivemos as aulas suspensas, depois de um esforço grande por parte da Seduc e do Governo de colocar as contas em dia. Como todo Governo tinham contratos que estavam em atraso, tinha problemas de repasse de [Programa de Desenvolvimento da Escola] PDE, de alimentação escolar, transporte escolar. Então, depois que a gente equacionou todas essas contas da Seduc, a gente [ia] colocar o nosso programa e o nosso planejamento para a recuperação da aprendizagem - que eu falo para gente a melhorar a aprendizagem e a qualidade da educação - veio aí a pandemia. E essa pandemia pegou o estado de Mato Grosso, Brasil, todo mundo de surpresa e tivemos que suspender as atividades. E aí começou essa corrida contra o tempo para a gente trabalhar as aulas remotas, [com] dificuldade de internet, material apostilado que teve que chegar para todos os estudantes, a gente está falando de 45% dos estudantes que não tem acesso à internet. Por mais que a gente fizesse um esforço de chegar conectividade nas escolas, a gente estava impedindo de os alunos irem até as unidades. Então um problema de conectividade mesmo por questões financeiras... não só conectividade, mas também o device, o computador ou smartphone, ou desktop. Então todas essas dificuldades a gente enfrentou também. Mas a gente não desistiu, claro! O material apostilado chegou até os nossos estudantes, todo o processo de formação continuada dos nossos profissionais, mais de trinta e sete mil profissionais passaram por formação, sejam eles do estado ou sejam do município - a gente não fez essa distinção de profissionais da educação. Bom, começamos toda essa luta, né? Passou o processo de ensino remoto, nós começamos as nossas atividades híbridas. Começamos com o plantão pedagógico nas unidades escolares para os alunos tirarem dúvidas, depois a gente deu mais um passo que foi 50% da capacidade da sala de aula e no dia 18 de outubro a gente iniciou 100% das nossas atividades na modalidade presencial. E com o grande desafio de recuperar a aprendizagem dos nossos estudantes. E nesse processo de recuperação a gente fez uma avaliação diagnóstica para a gente medir como que está o nível de aprendizado dos nossos estudantes. Tanto dos anos iniciais, dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio. Medimos como que nós estamos e a gente trabalhou o laboratório de aprendizagem, que são as aulas de reforço. O estado contratou 1500 profissionais da educação, professores, e com base naqueles descritores que são os principais problemas de aprendizagem que a gente tem, nós trabalhamos o material, orientamos todas as nossas escolas a trabalhar nessa recuperação e nessa aula de reforço. Então esse trabalho está em andamento. A gente finaliza o nosso ano letivo no dia 20 de dezembro e ano que vem a gente quer ter o melhor ano letivo da história do estado de Mato Grosso. Com todo um investimento na parte pedagógica, investimento na estruturação física das unidades, investimento tecnológico, equipamento chegando para todos os professores –[por]que chegou os notebooks - e agora também equipamentos que vão chegar para todos os estudantes e para todas as escolas do estado de Mato Grosso. Então serão grandes investimentos que vão acontecer para a gente motivar e recuperar o vínculo do aluno com a escola. Como todos os estados passaram por uma evasão grande, abandono por conta da pandemia, a gente está fazendo um processo de busca ativa, busca escolar em parceria com os municípios, em parceria com a [Associação Mato-Grossense dos Municípios] AMM, com o Tribunal de Contas do Estado, com o Ministério Público, enfim, motivando as nossas escolas para que o nosso aluno venha pra dentro da das unidades escolares. E vários programas que eu tenho certeza que a gente vai estar falando, do Alfabetiza MT, do Mais MT Muxirum, do novo ensino médio, que já começa a partir do ano que vem, então tem muita coisa boa para acontecer (...) O estado também terá um sistema de avaliação própria que é o ‘Avalia MT’. Nós já iniciamos fazendo a avaliação de fluência e leitura para os anos iniciais. Ano que vem nós vamos fazer outra avaliação diagnóstica, vai ter avaliação formativa, avaliação somativa, então a gente aposta muito nesse programa de avaliação porque com base nisso nós vamos identificar os principais gargalos e ter tempo para fazer uma intervenção pedagógica e não deixar aquele aluno desassistido. Lembrando que ano que vem nós vamos ter aí uma meta de aprendiza para cada escola dentro da política que a gente definiu dentro das diretorias regionais de ensino. Nós vamos ter um circuito de gestão e as regionais vão trabalhar com as unidades escolares para que aquela unidade consiga atingir a sua meta de aprendizagem.
 
OD - E a meta vai ser avaliada por meio da de todas essas avaliações que o senhor falou?

Alan Porto - Sim, por meio de todas essas avaliações. Nós vamos ter as avaliações bimestrais, dentro do sistema de ensino nosso, sistema estruturado e para cada avaliação bimestral a gente vai medir se as escolas conseguiram atingir os seus resultados. Caso não atingiram esses resultados, a gente fala do instrumento da intervenção pedagógica. A gente corrige o fluxo da nossa trilha, faz os ajustes, toma as providências, depois de dois meses avalia novamente. Então esse processo vai ser sistêmico. É rodar o ciclo PDCA [sigla em inglês: PLAN - DO - CHECK – ACT; em português: planejar, fazer, checar, agir] dentro das unidades escolares. Esse é o caminho. Então ano que vem a gente, além do sistema estruturado, a gente vai trabalhar com os materiais complementares, socioemocional, que foi tão prejudicado nesse momento de pandemia. A gente vai trabalhar com educação financeira no nono ano e no primeiro ano do ensino médio. A gente vai trabalhar com consciência fonológica nos três primeiros anos, focando nossa criança a alfabetizar na idade certa, a gente vai trabalhar com inglês para a toda a rede, tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio. Ano que vem todos os nossos estudantes vão estar com o uniforme completo. Todos os nossos estudantes vão receber kit escolar (...). Tem muita coisa e é uma forma também de motivar os nossos estudantes, fazer com que aumente o tempo de permanência dentro das escolas, e com todo esse modelo de gestão e com todos esses investimentos que vão acontecer na parte pedagógica, a gente tem certeza que a gente vai começar a recuperar a aprendizagem. Fora todos os programas que a gente está fazendo em regime de colaboração com os municípios, que é o Alfabetiza MT, que tudo isso que a gente está discutindo de avaliação, material didático, formação continuada que nós vamos ter, mais de 120 horas de formação continuada ano que vem, com os professores do município e professores da rede estadual. Então, a gente aposta muito nesse modelo de gestão. Porque a gente já viu que isso dá certo. As dez melhores educações do nosso país apostam, já têm esse modelo implementado em execução, e a gente não está inventando a roda. A gente está pegando as boas práticas, as evidências de conhecimento dentro dos outros estados e aplicando aqui no estado de Mato Grosso. É claro que dentro do estado de Mato Grosso nós temos excelentes iniciativas e boas práticas também que acontecem, o que a gente quer fazer agora é gerar equidade. É de ser de forma equânime. Diminuir as desigualdades. Por isso os programas de regime de colaboração, do Alfabetiza porque a gente não quer tratar dois mundos, o mundo do município e o mundo do estado. Não. A gente quer tratar de forma igual os estudantes da cidade de Cuiabá, da cidade de Várzea Grande e também os profissionais da educação. E não só o tratamento dos alunos, das crianças, mas também jovens e adultos. Por isso que a gente implementou o programa Mais MT Murxirum, que visa fazer alfabetização do público acima de 15 anos. Nós temos mais de 200 mil pessoas que não são alfabetizadas no nosso estado. Isso corresponde a 6% da nossa população. Então a gente vem com um programa arrojado, pedagógico, para fazer a coisa de fato acontecer e a gente melhorar o nosso ensino, melhorar nossa aprendizagem, valorizamos profissionais da educação, mas não só para esse lado, trabalhando também na infraestrutura das nossas escolas. Tem muitas escolas que estão sendo reformadas 100%, escolas que estão sendo reconstruídas, então dentro do programa Mais Mato Grosso do Governo do Estado a gente prevê de mais de 35 novas escolas, mais de 40 reformas, mais de 50 quadras poliesportivas, climatizar todas as escolas até o final do ano de 2022, somente nesse ano foram mais de 130 escolas que foram climatizadas, fora toda a parte de troca de mobiliário, conjunto-aluno, conjunto-professor, conjunto-refeitório, equipando as escolas. Então a gente quer tornar uma escola atrativa onde o aluno e o professor se sintam bem naquele espaço, para que ele possa trabalhar, e a criança estudar, num espaço melhor (...).


 
Olhar Direto – Uma polêmica envolvendo a própria Seduc, que nesse ano foi muito falada, foi em relação à municipalização do ensino. Teve professor até fazendo greve de fome, falando que eram fechamento de escolas, e o senhor sempre falando que não era o fechamento. Porque que o senhor acha que existe essa resistência de alguns professores e do Sintep em relação a esse programa da municipalização?

Alan Porto – Bom, primeiro que a gente está preocupado com a qualidade da educação. E segundo que essa prática de municipalização, de redimensionamento, não começou agora, já acontece há vários anos, e nós temos hoje 65 municípios no estado de Mato Grosso que já fazem atendimento do primeiro ao quinto ano. Isso está previsto na Constituição Federal, está previsto na [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional] LDB, onde preferencialmente o atendimento do primeiro ao quinto seja feito pelos municípios e os anos finais do sexto ao nono e ensino médio seja feito pelo governo do estado. O que nós estamos discutindo é dentro do regime de colaboração. Isso só acontece quando tem de comum acordo com o município, porque a gente está estruturando e está organizando as redes. E a gente entende que o município consegue fazer isso de forma mais organizada, porque ele faz o atendimento da creche, depois ele faz o atendimento da pré-escola de quatro a cinco anos, e no processo de continuidade, que é a alfabetização, até - que a gente considera o ideal - até o segundo ano, quando a criança completa sete anos, é também melhor executado pelo município. Por isso que tem um programa Alfabetiza MT. Porque nós estamos dando toda a condição pedagógica, de pessoal, de formação continuada de avaliação, para os municípios fortalecerem o processo de alfabetização deles. Então o Estado está dando todo o apoio. Essa parte de formação continuada, a avaliação que o município teria que gastar, o Estado está custeando. Todo recurso é do Estado. Então não é simplesmente transferir uma responsabilidade para o município, é fazer em regime de colaboração como prevê a constituição e prevê a LDB. E falando aqui mais uma vez, a gente não está fechando nenhuma escola. O que nós estamos fazendo é transferindo a gestão dessas unidades para o município. A demanda continua, os professores têm a necessidade de continuar, tanto é que os profissionais da educação do Estado que assim desejarem podem continuar trabalhando em cooperação técnica com o município, então quem fala em fechamento de escola, quem fala de forma genérica em relação a isso é porque realmente não entende do que está falando, não entende de educação e não está preocupado numa educação de qualidade. O estado está sim preocupado, está fazendo isso com muito diálogo com os diretores de escola, com os prefeitos, com a comunidade escolar, mas todas as mudanças geram um desconforto. Então é natural que alguns não concordem. Esses que não concordam a Secretaria está à disposição para tirar todas as dúvidas (...). Hoje, na média nacional, nas melhores educações do nosso país, os anos iniciais já são atendidos pelos municípios. Eu cito o caso do Ceará, no Ceará os municípios atendem 100% dos anos iniciais e finais, ou seja, todo ensino fundamental. Goiás, Mato Grosso do Sul, por exemplo, em Mato Grosso do Sul 1,7% é atendido ainda pelo estado. Ou seja, todos os anos iniciais são atendidos pelo município. Então essas práticas que a gente está fazendo aqui no estado, já acontecem em outros estados que têm as melhores educações. Então a gente não está inventando nada. Isso está na LDB, está na constituição, volto a repetir, o que nós estamos fazendo aqui é o que é de melhor para educação. É pensando no estudante, essa é a nossa preocupação.
 
OD - O próprio ‘Alfabetiza MT’ também foi criticado, inclusive pelo deputado Lúdio, enfim, com o argumento de que a ideia meritocrática de premiar as escolas que mais alfabetizarem não leva em conta as diferenças... que não daria pra comparar digamos, uma escola de Cuiabá com uma escola do interior. Como que o senhor rebate essas críticas?


Alan Porto - Bom, deputado Lúdio desconhece da educação, ele não está preocupado com a qualidade. Em relação à premiação das escolas, não é simplesmente premiar por premiar. Nós temos cem escolas que receberão um apoio financeiro, que tiveram os melhores resultados, e nós teremos cem escolas que não atingiram seus resultados, ou seja, as cem piores vão receber um apoio financeiro e a cem melhores escolas têm contrapartida de adotar essas escolas que não atingiram. Isso é buscar equidade na educação. Então, ou seja, as melhores vão adotar as piores e as piores também vão receber apoio financeiro. Então, quando a gente fala de duzentas escolas, não é apoiar as duzentas escolas melhores, é apoiar cem melhores e as cem piores, e as cem melhores tem um compromisso ainda de adotar a cem [piores]. Esse método deu muito certo no estado do Ceará. E é o que nós estamos implementando aqui. Esse programa de incentivo para as escolas é o maior que tem no Brasil. Nem o Ceará premia duzentas escolas. Então a gente está inovando está investindo mais ainda nesse processo porque a gente acredita e tem evidências da prática deste modelo em outros estados e não só o estado do Ceará. Hoje dez estados têm essa metodologia de trabalho de alfabetização na idade certa em regime de colaboração com os municípios. Então a gente vai continuar sim investindo nessas ações, vamos continuar sim em parceria, em regime de colaboração com os municípios.
 
OD - Em relação às escolas militares. A gente tem visto algumas sendo inauguradas e elas sempre tem bons índices de rendimento dos alunos. O que eu queria questionar é se as escolas militares têm investimento financeiro que as outras, se a diferença para ter esse melhor rendimento está só no modelo militar ou se elas têm um investimento diferente, se tem alguma coisa diferente em relação a outras escolas.

Alan Porto - Boa pergunta. Investimento para as escolas militares e escolas regulares não muda. O investimento vai pelo pela quantidade de alunos. A única coisa que muda de uma escola regular para a escola
"O deputado Lúdio desconhece da educação, ele não está preocupado com a qualidade"
militar é a gestão daquela unidade. O recurso para a alimentação, o recurso para a manutenção, o recurso para a gestão é o mesmo. Tanto é que os professores também são da nossa rede. Existe aí um trabalho diferente na nessa gestão, na questão da ética, na questão da disciplina, na questão da hierarquia. Enfim, essas são algumas ações que a gente tem também evidências das escolas militares que tem resultados bons. Por exemplo, Lucas do Rio Verde a gente tem uma escola com Ideb de 7,1. E isso é uma alternativa. Nós iniciamos desde 2017 que eu estou na Seduc, nós tínhamos uma escola militar que era do CPA. Depois ampliou para oito unidades, sendo sete da escola sete militares e uma do Corpo de Bombeiros. Até o final deste ano nós teremos dezoito escolas militares, e até o final de 2022 a nossa meta é chegar a 30 unidades militares, sendo elas escola militar da Polícia Militar, Escola do Corpo de Bombeiro e aquele modelo [Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares ] Pecim, que é do governo federal. Nós teremos uma aqui em Cuiabá, outra em Cáceres e outra em Rondonópolis.
 
OD - Secretário, na Assembleia tem corrido alguns projetos também polêmicos em relação à educação. Um, por exemplo, foi de proibir de filmar o professor, que é um projeto do [deputado] Valdir Barranco [PT]. Um outro do [depitado] Gilberto Cattani [PSL] para proibir o uso do pronome neutro nas escolas. Queria que o senhor falasse um pouco sobre esse projeto, se o senhor acha que eles são importantes mesmo, ou se há coisas mais importantes para serem discutidas na Assembleia Legislativa em relação à educação?

Alan Porto - Bom, eu não gosto de opinar em projetos que eu não li, que eu não tenho conhecimento. Nesses dois projetos, foi uma iniciativa do Poder Legislativo. Eu não tenho conhecimento, eu não li esses PLs, esses projetos de lei para ter condições de opinar. Então prefiro não opinar numa coisa que eu não tenho conhecimento.
 
Olhar Direto - Então voltando para a Seduc. A gente teve umas críticas em relação ao processo seletivo que foi aberto recentemente e uma das críticas foi de não incluir pessoas do grupo de risco, que não poderiam nesse processo seletivo. Isso é verdade, e por que essa opção de não abrir pra pessoas do grupo de risco?

Alan Porto - Não, não existe não abrir para pessoas que estão em grupo de risco, tanto é que todos os profissionais da educação já foram vacinados e pelas portarias que foram publicadas pela [Secretaria de Estado de Planejamento] Seplag e pela Seduc, aqueles profissionais da educação que vacinaram duas doses têm que voltar ao posto de trabalho. Então não tem essa diferenciação. O que nós estamos falando é de processo seletivo para contratação temporária de aulas presenciais. Então não tem como eu contratar um profissional que vai desempenhar suas atividades remotas. E volto a repetir, todos os profissionais da educação vacinaram duas doses, então não tem motivo daquele profissional trabalhar de forma remota.
 
OD - Mas então no processo seletivo não fala que grupo de risco não pode se inscrever...

Alan Porto - Não tem, não tem isso, são interpretações, são interpretações de leitura. Isso não está tirando o profissional que queira fazer. Não, ele vai fazer o processo seletivo sabendo que ele vai ter que desenvolver as suas atividades presenciais.

OD - E porque a opção por fazer a prova e não fazer como era feito antes pela contagem de pontos?

Alan Porto - Esse processo de contagem de pontos sempre foi muito polêmico no estado de Mato Grosso. Todos os anos aqui a gente respondeu diversas denúncias, teve problemas de operação, certificação falsa, isso acontecia em todos os polos. E isso já é uma recomendação dos da [Controladoria Geral do Estado] CGE, recomendação do Tribunal de Contas do Estado, tem planos de providência [de] que a gente faça o processo seletivo com prova objetiva e prova discursiva. Por quê? Porque a gente quer ter um melhor professor, a gente quer que aquele professor ensine melhor os nossos estudantes, e isso é um processo que gera equidade, é um processo mais democrático onde todos tenham condições de participar. O processo seletivo busca melhorar a condição, melhorar para a gente ter um melhor profissional dentro de sala de aula e a gente garantir o atendimento dos 200 dias letivos que acontecem no nosso ano. Então isso é uma forma mais democrática e eu tenho certeza que com esse processo seletivo nós vamos ter profissionais mais preparados dentro da sala de aula. E lembrando que esse processo seletivo é para professor, técnico e apoio.
 
OD - Pessoalmente secretário, o senhor ganhou notoriedade nesse último ano à frente da Seduc. Pretende continuar à frente da secretaria, tem planos de se candidatar ano que vem, como que está isso aí?

Alan Porto - Não, não tenho nenhum plano de candidatar, o meu plano é continuar como de Estado de Educação, volto aqui a repetir, eu estou desde 2017, tenho um grande conhecimento da educação, sei muito bem o que a gente precisa fazer para colocar educação do estado de Mato Grosso entre as melhores do nosso país e é esse plano que a gente está discutindo. Tem resultados a curto prazo, mas a maioria dos resultados é a médio e longo prazo e nós colocamos a Seduc na direção certa, e agora todos os resultados vão ser resultados positivos eu não tenho dúvida nenhuma. Então nós vamos continuar no nosso propósito aqui de melhorar a educação do nosso estado, melhorar o ensino e pensando sempre no nosso estudante. (...).

OD - Para finalizar, queria que o senhor falasse um pouco dos desafios de estar à frente da Seduc, porque é uma pasta que tem muitos servidores naturalmente, uma pasta que tem um sindicato muito forte, atuante, está sempre ali “pegando no pé” da secretaria. Queria que o senhor falasse um pouco dos desafios no geral.



Alan Porto - Bom, os desafios são muito grandes, eu estou muito motivado, eu montei um time muito bom, ninguém faz nada sozinho. A gente está num processo de desenvolvimento de lideranças, de bons gestores, de gerar um engajamento na nossa rede, de aproximara Seduc das nossas escolas, dos profissionais da educação. Eu agradeço a oportunidade do governador Mauro Mendes, do vice-governador Otaviano Pivetta, de colocar eu nessa atividade, nesse posto que na minha opinião é a secretaria mais importante do estado. Passamos por esse problema de pandemia e eu acredito que o pós-pandemia é o momento da educação e nós mudamos o jeito de fazer educação no estado. E essa nova forma de fazer educação vai colher resultados, muitos investimentos na infraestrutura física, muitos investimentos na infraestrutura tecnológica, como eu falei aqui de várias reformas, de várias construções, e o mais importante é fazer a inclusão digital dos nossos professores. Nós atendemos mais de 19 mil professores que receberam notebook, ano que vem nós estamos finalizando uma licitação de duzentos mil chromebooks, que são os computadores que serão entregues para os estudantes da nossa rede... Ou seja, todas as escolas vão receber esses materiais, a conectividade de alta velocidade que está chegando em todas as unidades escolares, e a gente tá supermotivado. Os desafios existem, mas para cada desafio a gente tem uma solução a ser implementada, e a gente acredita muito na competência, na eficiência, na qualidade dos nossos profissionais da educação, e que nós vamos superar esses desafios e vamos recuperar a aprendizagem dos nossos estudantes. A gente está no caminho certo. E lembrando que a partir do ano que vem nós iremos implementar um novo ensino médio. Dentro do novo ensino médio a gente vai aumentar o tempo de permanência do dos nossos jovens em duzentas horas. Isso significa dizer que vai sair de oitocentas horas para mil horas e nós vamos focar no quinto itinerário formativo, que é a qualificação profissional dos nossos estudantes. Para isso a gente está fazendo parceria com o Senai, com a [Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação] Seciteci, terão cursos profissionalizantes na nossa rede. Então vai ser superbacana. A gente está equipando as nossas escolas com laboratórios ‘makers’ que são laboratórios de última geração, [com] o que acontece dentro do nosso país, o que tem de melhor fora do nosso país. Serão sessenta laboratórios ‘makers’ para desenvolver robótica, ou seja, vai ser muito bacana, vai ser uma parceria que a gente tá fazendo com o Senai, e tem muita coisa legal que vai acontecer também no ano que vem para a gente motivar a nossa garotada, e eu tenho certeza que bons resultados virão e teremos bons jovens sendo formados, crianças sendo alfabetizadas na idade certa, jovens e adultos que não tiveram oportunidade de se alfabetizar e irão se alfabetizar, o mais MT Muxirum será ampliado para os 141 e um municípios no ano que vem. Então eu tenho certeza que logo nós vamos colher bons resultados na educação.

OD - Esse novo ensino médio terá uma formação mais técnica?

Alan Porto – Sim, veja bem, no novo ensino médio nós temos as quatro áreas de conhecimento que vão ofertar em 600 horas no ano que vem, e 400 horas nós vamos focar no projeto de vida e nos cinco itinerários, sendo que no quinto itinerário é formação-qualificação profissional e técnica. Ou seja, aluno vai escolher a trilha de aprendizagem dele no que ele se identifica mais. Por isso que nós temos o projeto de vida. Ou seja, nós vamos dar condição do protagonismo juvenil dentro das unidades escolares. Então é uma coisa que já vem dando certo, a gente já trabalha isso nas escolas de tempo integral, que são as nossas eletivas, o projeto de vida e agora nós vamos ampliar aí para todos os estudantes do ensino médio. Nós temos 140 mil estudantes. Vamos começar a partir do ano que vem, no primeiro ano, 2023 [para] o segundo ano e [em] 2024 todos os anos do ensino médio já terão essa nova plataforma. Nós estamos trabalhando nesse momento na formação continuada de todos os profissionais. A gente está percorrendo os quinze polos das nossas diretorias regionais fazendo essa qualificação e fazendo essa formação continuada para todos os diretores, coordenadores e professores.
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