Um parecer assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, abre caminho para que o governador Mauro Mendes (União) possa ter Neri Geller (PP) e Wellington Fagundes (PL) no mesmo palanque. O documento é da última terça-feira (10) e atendeu a uma consulta do deputado federal Delegado Waldir, do PL de Goiás.
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No documento, Waldir questiona o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se seria possível que partidos que se coligassem para o cargo de governador também participasse da mesma coligação para o Senado. Waldir também consultou o TSE para verificar se partidos coligados para o cargo de governador poderiam lançar candidatos ao Senado de forma isolada, sem formar coligação.
O vice-procurador explicou em seu parecer que caso determinados partidos façam uma coligação para governador, essa mesma coligação deveria lançar um nome para o Senado.
A única exceção seria se partidos que formam a coligação para governo lançassem de forma isolada candidatos para o Senado, sem realizar coligação. Segundo Paulo Gonet Branco, as condições respeitam o princípio de que não pode existir mais de uma coligação nas candidaturas majoritárias (senado e governo).
Como deve funcionar
Se for ratificado pelo TSE, o parecer permite que Mauro Mendes possa ter Neri Geller e Wellington Fagundes em seu palanque. Caso o governador consiga manter a aliança política com os dois pré-candidatos ao Senado e o União Brasil coligue com PP e PL, o parecer da procuradoria abre espaço para que Neri e Wellington lancem suas candidaturas somente de forma isolada, sem outros partidos da coligação.
A ideia é defendida pelo senador da República Jayme Campos (União Brasil). “Poderia subir três candidatos, quatro candidatos, não teria nenhum impeditivo”, afirmou em
entrevista ao Olhar Direto na última terça-feira (10).
Na avaliação de articuladores políticos de Mato Grosso, Wellington Fagundes também sai beneficiado com o parecer do procurador. Na hipótese de se lançar candidato ao Senado de forma isolada, Fagundes teria mais chances de vencer com apoio do presidente Jair Bolsonaro, mais tempo de televisão e mais recursos do fundo eleitoral em comparação com Neri.
Para Neri, no entanto, a situação é bem mais adversa. Os pedidos de neutralidade do presidente nacional do seu partido, Ciro Nogueira, restaram infrutíferos e o presidente Bolsonaro declarou apoio a Wellington no estado. Assim, ele seria candidato contra um adversário do presidente. Mesmo com apoio do MDB local, Neri ainda é o segundo colocado nas pesquisas e não poderia perder tempo esperando pela decisão do governador.
A avaliação dos bastidores é de que deputado federal teria ainda menos chances se aceitasse coligar com o UB e fosse obrigado a lançar candidatura de forma isolada. Nesa hipótese, ele seria candidato sem o MDB e outros grandes partidos ao lado, como o PSD de Carlos Fávaro.
Não à toa o ex-ministro da Agricultura já
começou a conversar com o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que está em Brasília nesta quinta-feira (12). Emanuel briga para formar uma oposiçãoeleitoral ao governador. Pinheiro já tentou a própria candidatura, a candidatura de Wellington e agora decidiu declarar seu vice-prefeito, José Roberto Stopa, como pré-candidato ao governo para atrapalhar a vitória de Mendes.
Para Neri não esperar mais por Mauro Mendes sua melhor saída seria fechar apoio com Emanuel, avaliam alguns interlocutores do parlamentar ouvidos pela reportagem. Nesta conjuntura, o deputado federal seria candidato com apoio do PV, do PT, do PCdoB e quem sabe até do próprio MDB de Emanuel. O presidente do partido, Carlos Bezerra, já declarou apoio incondicionou a candidatura de Neri.
Este desenho é favorecido pelo fato de que Blairo Maggi (PP), tutor político de Neri e Fávaro, é grande apoiador de Lula e já declara
para pessoas mais próximos que votará e defenderá a candidatura do ex-presidente.
Geller sairia radicalmente de uma conjuntura bolsonarista para ser palanque de Lula em Mato Grosso. O que não seria exatamente uma incoerência, uma vez que o deputado federal já foi ministro da agricultura da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).