Após 13 dias no exterior, o governador Mauro Mendes (União) retoma o comando do Palácio Paiaguás às 14h desta terça-feira (22), tendo que resolver duas situações que geraram grande ruído no período em que esteve na COP-27, em Sharm El-Sheikh, no Egito: a mudança para perfil rebelde das manifestações de bolsonaristas nas estradas e a repercussão de sua proposta de confisco e perda da área a produtor que praticar desmatamento ilegal.
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O bloqueio de rodovias em Mato Grosso já era uma questão a ser tratada por Mauro desde antes de deixar a cadeira para o vice Otaviano Pivetta (Republicanos). Os atos antidemocráticos começaram logo após o resultado do segundo turno, no dia 30 de outubro, com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apesar das manifestações contrárias ao resultado das urnas e os pedidos de intervenção militar, Mauro amenizou os atos nas rodovias e em frente aos batalhões do Exército. Dizia que os bolsonaristas tinham o direito de manifestação, desde que não impedissem o livre trânsito nos locais. Apesar da oferta das Forças Nacionais de Segurança para apoio na retirada de tais manifestantes, decidiu por não ir para o enfrentamento.
Nesse período no exterior, no entanto, os atos passaram a ter outro tom, com diversos casos de ataques a caminhoneiros e até base de apoio da concessionária Rota do Oeste. Coube a Pivetta se reunir com as Forças de Segurança e definir a estratégia para o desbloqueio dos trechos da BR-163 que voltaram a ser bloqueadas.
Crise com produtores
No Egito, Mauro participou das discussões ambientais e teve papel de protagonismo ao defender a importância do desenvolvimento sustentável, do respeito às leis ambientais e do combate ao desmatamento ilegal.
No entato, a viagem gerou crise com o setor do agronegócio, que “chiou” com o posicionamento do governador, após reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Após criticar Lula por defender desmatamento zero na Amazônia, Mauro defendeu pena de confisco e perda de bens a quem praticar desmate ilegal no país.
O governador entende que é preciso endurecer as medidas de combate ao desmatamento ilegal para que o Brasil tenha resultados mais efetivos. A perda da propriedade de quem cometer o crime ambiental, de acordo com Mauro, irá coibir a prática.
A proposta, no entanto, gerou alvoroço em Mato Grosso. Produtores procuraram deputados da base, que condenaram a possibilidade. Dizem que a legislação do país é rígida e que é preciso melhorar a estrutura pública para atender os empresários do setor, evitando irregularidades ou falhas no controle do desmatamento.
Agora, de volta a Mato Grosso, Mauro terá oportunidade de explicar sua proposta e tentar acalmar os ânimos do setor com maior influência no Estado.