O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, citou a "fila dos ossos" durante seu discurso na cerimônia em que Carlos Fávaro assumiu o Ministério da Agricultura. Enquanto cobrava um olhar do agronegócio mais sensível ao social, Gilmar descreveu como "constrangedora" a cena que ganhou atenção nacional em dezembro de 2021. O espaço também foi utilizado para criticar os atos antidemocráticos realizados em Mato Grosso após o fim das eleições.  

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Para o ministro mato-grossense, há necessidade de garantir um desenvolvimento do agronegócio aliado ao desenvolvimento social. “É preciso que nós estejamos atentos à ideia do desenvolvimento social. Sem o mínimo de equilíbrio, sem o mínimo de igualdade, nós certamente não vamos chegar ao patamar de um país digno desse nome”, disse Gilmar, durante a cerimônia realizada nesta segunda-feira (2), na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Ao comentar sobre o desenvolvimento social, o ministro relembrou o caso da ‘fila dos ossos’, que ganhou projeção nacional nos últimos meses de 2021. Na ocasião, diversas famílias se deslocavam até a fachada de um açougue para conseguir alguns dos ossos doados pelo dono do estabelecimento. 

“Fiquei deveras envergonhado ao ver uma matéria que destacava pessoas acompanhando um caminhão de osso. Com tantos bois que nós temos, isso é extremamente constrangedor [...]. Não podemos ser o país com maior produção de grãos no mundo e ter gente passando fome. Isso não é razoável e não é digno”, disse. 

Para Gilmar Mendes, o compromisso social também deve se dar a partir de novas oportunidades de crescimento para os pequenos empresários que atuam na agricultura. “Como permitir que o pequeno empresário também participe dessa grande riqueza que temos no agronegócio?”, perguntou. 

“A vida continua”

Antes de encerrar sua participação na cerimônia, o ministro utilizou o espaço para criticar os atos antidemocráticos que persistem mesmo após o fim das Eleições Gerais de 2022. Para Gilmar, a liberdade de expressão não deve colocar em risco a democracia. 

“É fundamental que nós repensemos  os dissensos e asseguramos a liberdade de expressão, mas essa liberdade não pode colocar em xeque a democracia. E acho que essa é uma grande missão. Em um estado como nosso é fundamental que se mostre para as pessoas que a vida continua. Temos que cultivar a união e a defesa do país, que é uno”, finalizou.