Um casal e dois filhos são personagens de uma peça teatral sobre violência doméstica apresentada a usuários do SUS/Cuiabá. O marido alcoólatra espanca com freqüência a mulher grávida na frente dos filhos doentes e gasta a renda com bebida enquanto a família passa fome. Mesmo diante das agressões, a mulher prefere não denunciar o marido à polícia. Poderia ser uma peça teatral como outras tantas não fosse um diferencial: o roteiro, a produção, o figurino e a representação são assinados por seis Agentes Comunitários de Saúde.

Como apoio de todos os profissionais das unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) V e VI do Pedra 90, os agentes revelam, por meio desta iniciativa, o grande envolvimento com a função que exercem. Vão além da missão de visitar as famílias de sua área de abrangência e de servir como elo entre a comunidade e a unidade de saúde. Através da dramatização – que aprenderam de forma espontânea, autodidata – eles promovem a saúde com alegria e propriedade.

A agente de saúde Delza Lemos é autora da peça que ao mesmo tempo em que arranca risos, aborda um tema tão debatido atualmente que é a violência contra a mulher e a criança. Na trama, ela é a esposa grávida que vez por outra é espancada pelo marido, um bêbado agressivo acostumado a gastar no bar todo o dinheiro que recebe do trabalho. Delza parece uma veterana na arte de atuar. Revela-se uma comediante e tanto, assim como as demais agentes que participam da peça. Médicos, enfermeiros, técnicos, agentes administrativos e uma animada platéia formada por usuárias da unidade reagem a cada fala das atrizes.

Esse é o grupo teatral “Agentes em Ação” que mesmo no anonimato consegue manter em cartaz uma peça teatral que trata de um grave problema social como forma de conscientizar as vítimas a denunciar os agressores.