Olhar Direto

Segunda-feira, 20 de maio de 2024

Notícias | Cidades

PF INVESTIGA

Empresária, médico e policial federal são acusados de golpe milionário de pirâmide em Cuiabá; vítima investiu mais de R$ 380 mil

Foto: Reprodução

Empresária, médico e policial federal são acusados de golpe milionário de pirâmide em Cuiabá; vítima investiu mais de R$ 380 mil
A Polícia Federal está investigando um possível esquema milionário de pirâmide financeira em Cuiabá, envolvendo os empresários Taiza Tosatt Eleotério da Silva, Ricardo Mancinelli Souto Ratola e Diego Rodrigues Flores. Eles são apontados como parte da DT Investimentos ou TR Investimentos. Ricardo e Diego negam envolvimento e afirmam que a empresa era comandada apenas por Taiza. 


Leia também 
Ex-secretário é acusado de fraude na compra de remédio usado em UTI durante pandemia


Em um folder publicitário da DT Investimentos, Ricardo e Diego são apresentados como sócios da empresa. A defesa de Diego afirmou que o material foi feito sem autorização e que as medidas cabíveis estão sendo tomadas. 

Uma das vítimas que acionou a Justiça afirma ter investido R$ 383.303,12. Pelo menos 11 pessoas acionaram a Justiça. No folder, a DT Investimentos anuncia que aceita investimentos entre R$ 10 mil e R$ 250 mil, com retorno de até 4% por mês. 

De acordo com o delegado Rogério Ferreira, da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), quando a Decon começou as investigações, Rogério tomou conhecimento de um inquérito que já existe na Polícia Federal desde 2022.



Por conta disso, as investigações instauradas pela Polícia Civil foram remetidas para a PF, que dará continuidade no caso. Em um dos processos, uma das vítimas narra que, em conversa com Taiza, recebeu a proposta de investir na empresa, que em 2022 ainda se chamava TR Investimentos. 

A promessa era de que a vítima teria retorno de 4% do capital investido ao mês, podendo optar por retiradas mensais de 4% sobre o valor investido ou reinvestir o retorno. A vítima, então, decidiu investir R$ 59 mil em julho de 2022

Em 3 de outubro do mesmo ano, a vítima decidiu usufruir do direito de pedir a restituição de valores, sendo que Taiza se manifestou sobre o pedido apenas dois dias depois. De acordo com o documento judicial, a empresária disse que os rendimentos seriam pagos apenas em 24 de outubro de 2022. 

No entanto, o pagamento não aconteceu. A defesa alegou que a suspeita esgotou todos os prazos possíveis antes de informar que a empresa estava entrando em recuperação judicial. Na ação, a vítima explica que ficou despreocupada com a forma de adesão ao plano de negócios apresentado, já que Taiza demonstrava conhecimento técnico amplo sobre o mercado financeiro. 

"Somente se preocupando em acompanhar seu rendimento diário, uma vez que, na hipótese de comprometimento das operações, fechamento da empresa ou solicitação de resgate dos valores, o contato seria cumprido com a restituição dos valores depositados no prazo de 24h", consta em trecho do processo. 

Em outro processo contra os três acusados a defesa de duas vítimas narra o investimento de mais de R$ 380 mil. A promessa era de retorno de 5% para uma, enquanto a outra teria retorno de 6%. Da mesma forma, as vítimas solicitaram a restituição dos valores, mas o pedido não foi atendido e elas recorreram à Justiça. 

Esquema de pirâmide 

O titular da Decon explica que as pirâmides financeiras são criadas com promessas de ganho muito acima dos valores pagos pelo mercado financeiro, com juros que podem chegar a 8% por mês, sendo que, em alguns casos, os juros são diários. 

"Os operadores do esquema de pirâmide também prometem que os clientes que trouxerem novos investidores poderão ganhar bônus como juros, viagens, carros e coisas do tipo. Normalmente esses esquemas são montados com a promessa de que o dinheiro captado com os investidores vai ser investido em operações de compra e venda de ações de empresas, operações de forks, compra e venda de criptomoeda". 

Rogério destaca que uma das principais características de um esquema de pirâmide financeira é não existir clareza sobre os investimentos. Os suspeitos prometem retorno acima do mercado, mas não há transparência sobre o serviço da empresa. 

De acordo com o delegado, é comum que as vítimas invistam em dinheiro vivo ou com entrega de bens como veículos, casas, terrenos e fazenda. Algumas chegam a passar todo o limite de cartão de crédito com a promessa de um bom retorno financeiro. 

"É muito comum o investidor passar todo o limite que possui no cartão de crédito e a empresa operadora da pirâmide financeira promete pagar os juros do cartão e as parcelas do cartão. Isso até acontece por um determinado período de tempo, porém, quando a pirâmide desmorona, ela deixa de pagar os investimentos e as pessoas que investiram sofrem um grande prejuízo". 

Defesa dos suspeitos 

Por meio de nota, o advogado Thiago Xisto Gris, que representa Diego, afirmou que ele nunca foi sócio da empresa TR Investimentos, vez que o nome dele não consta no contrato social que instituiu a empresa. A defesa afirmou ainda que Diego constava como sócio de Taiza e Ricardo na DT Investimentos, que "nunca foi devidamente registrada". 

"Que a empresa DT investimentos, em que ele constava como sócio, com Taiza e Ricardo teve existência apenas em data anterior a criação da empresa TR Investimentos e Intermediação Ltda., nunca foi devidamente registrada, sendo assim apenas uma sociedade de fato que em pouco tempo foi encerrada, para em seguida ser criada a TR Investimentos Intermediação Ltda, em que já não era mais sócio", diz trecho do posicionamento. 

Na nota, Xisto explica que os contratos questionados foram assinados por Taiza que, em juízo, assumiu que Diego não é sócio da empresa. A defesa ressaltou que, nos processos em que Diego consta como réu, os devidos esclarecimentos estão sendo prestados ao Poder Judiciário. 

"Que todos os contratos questionados na justiça foram assinados pela senhora Taiza Tosatt Eleoterio Ratola, em data posterior a criação da empresa TR Investimentos Intermediação Ltda., que tem como sócios unicamente Taiza e Ricardo, alegando na literalidade do contrato ser ela enquanto pessoa física responsável pelo negócio jurídico, assumindo toda a responsabilidade unicamente em seu Cadastro de Pessoa Física". 

Segundo a defesa, atualmente a empresa está cadastrada com o nome de DT Investimentos, tendo Taiza como única sócia/responsável. 

Também por meio de nota, o advogado Jackson Nicola Maiolino, que representa Ricardo, afirmou que Taiza é a unica responsável e administradora tanto da DT Investimentos, quanto da TR Investimentos. De acordo com Maiolino, familiares de Ricardo também teriam sido vítimas de Taiza. 

A defesa de Ricardo ressaltou que Taiza era a recebedora dos investimentos e pagamentos, além de ser a única administradora. 

"Até o presente momento amargam prejuízos financeiros. Informamos ainda que o Sr. Ricardo Mancinelli Souto Ratola, jamais foi sócio da empresa DT investimentos, e que a Sra. Taiza Tosatt utilizou seu nome indevidamente em razão da sua função pública, para dar credibilidade nos negócios". 

A reportagem procurou Taiza, que afirmou estar "traumatizada" e que participaria de uma reunião com o advogado nesta quinta-feira (9), às 17h, para avaliar a melhor forma de se posicionar sobre o caso. 
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet