Diante do Monumento Ulisses Guimarães, considerado um dos símbolos da democracia brasileira, lideranças de 43 povos indígenas mato-grossenses se reúnem para a primeira edição do Acampamento Terra Livre (ATL) no estado. Com as primeiras ações realizadas na manhã desta segunda-feira (10), o encontro segue até a próxima quinta-feira (13), com uma extensa programação de debates sobre o acesso a políticas públicas para os povos originários. O espaço também se tornou palco das manifestações culturais e artesanatos de seis diferentes povos. 

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Logo pela manhã, as primeiras barracas já começaram a ser montadas na praça onde o monumento está inserido. De lá, as lideranças partiram para a Assembleia Legislativa, onde participaram de uma audiência pública sobre a educação indígena. Mediada pelo deputado Estadual, Lúdio Cabral (PT), a audiência contou ainda com o Secretário da Educação, Alan Porto.

Segundo uma das lideranças do povo Bakairi e presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo, a palavra de ordem do encontro é “respeito aos 43 povos índigenas”. Em entrevista, Eliane declarou que entre as principais pautas estão: educação indígenas, saúde e demarcação de território. 

“As nossas principais demandas são educação indígena, saúde e demarcação. A nível de estado vamos tratar da falta de políticas públicas voltadas para os nossos povos aqui em Mato Grosso. A ATL é para dar visibilidade aos povos indígenas, que estão aqui e precisam ser respeitados e ouvidos”, disse a liderança. 

Segundo Eliane, o acampamento significa a demarcação de Cuiabá para dar visibilidade às pautas indígenas no estado. Reivindicando maior aproximação dos poderes às demandas dos povos, a presidente da Fepoimt declarou que há necessidade do Estado reconhecer e aplicar o que está garantido na Constituição. 

“As nossas autoridades estão aqui demarcando Cuiabá para mostrar que existimos e precisamos ser considerados enquanto parte da sociedade Mato Grosso. Os poderes não nos olham. Temos vários direitos já garantidos na própria constituição, mas isso não tem sido realmente praticado. Precisamos que os poderes e as sociedade nos reconheçam”, argumentou. 

Já para Takape Metuktire, liderança jovem do povo Kayapó, a demarcação do território ainda é um impasse para muitos povos indígenas em Mato Grosso. Sem suas terras asseguradas, Takape afirma que muitos acabam tendo dificuldade de exercer seus costumes e cultura dentro do próprio território. 
 
“Temos ainda povos indígenas que ainda não tem seu território demarcado e estão lutando para continuar com a vida, com os costumes e cultura dentro do seu território. O Marco Temporal vem ameaçando os direitos de cada povo pelo território e estamos aqui para se atualizar sobre esse processo e lutar contra”, defendeu. 

Durante os próximos três dias, o Acampamento vai contar com apresentações culturais, novas audiências públicas, reunião com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) e outras ações. Para acompanhar a programação completa, clique aqui. 

Artesanatos ganham espaço 

Durante todos os dias de encontro, aproximadamente seis etnias indígenas vão manter expostas diversas peças de artesanato. Em uma união de cores, materiais e traços, os materiais estarão disponíveis para venda. Entre os povos que estão com os artesanatos expostos estão: Kalapalo (Querência); Xingu (Canarana); Nambikwara (Comodoro); Umutina (Barra do Bugres); Rikbaktsá (Juína); e Kuikuro (Gaúcha do Norte).