O deputado estadual Júlio Campos demonstrou irritação com a decisão da comissão provisória do União Brasil em convocar uma reunião para eleição do diretório regional, no domingo (30). Condenou os rumores de acordo para que o governador Mauro Mendes assuma o comando da sigla e afirmou que todo o processo, feito na “calada da noite", representa uma “sacanagem” e falta de respeito, especialmente com a bancada estadual.

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Júlio pontuou que o presidente da comissão, deputado federal Fábio Garcia, não comunicou os demais delegados do partido sobre a eleição e eventual acordo. Segundo ele, caso a eleição ocorra e os rumores pró-Mauro se concretizem, o União terá que liberar os filiados a buscarem outros partidos.

“Eu não concordo, isso não vai ocorrer, pois é sacanagem. Elegemos apenas 21 diretórios municipais, e os outros 120? Isso seria fraude e se ocorrer eles terão que nos liberar para sair do partido. Não houve diálogo, é sacanagem, não vamos concordar com isso”, declarou, em conversa com a imprensa nesta quarta-feira (26).

A confirmação da eleição foi feita pelo próprio Fábio Garcia. Ao Olhar Direto, disse que a formação do diretório regional é uma exigência da Executiva Nacional, em todos os estados. Sobre o suposto acordo para Mauro assumir, desconversou e ressaltou que na sexta-feira (28) os delegados da comissão provisória irão se reunir para debater a formação da nova diretoria.

Júlio, no entanto, disparou que só tomou conhecimento da eleição por meio da imprensa, após divulgação de matérias nesta terça-feira (25). Em relação a reunião de sexta, adiantou que os ânimos devem ficar alterados, caso os rumores se confirmem.

“Na calada da noite inventam essa de já fazer o diretório estadual só com 21 municípios liderados pelos prefeitos que podem concorrer à reeleição. É muita falta de respeito até com a bancada estadual. Como vou ficar num partido que na calada da noite resolve fazer um diretório regional? Se a maior base do partido é bancada estadual. Quem faz política o dia inteiro a favor do União são os deputados”, pontuou.

O deputado esclareceu que sua revolta não se deve ao fato de Mauro poder ser o novo presidente, mas pontuou que o governador não seria a pessoa mais indicada para a função, pois não teria tempo de cuidar da legenda. “Não é contra o governador, é contra a maneira que vem sendo tratado, secretamente, sigilosamente, sem nós tomarmos conhecimento. Nem eu, nem o deputado Dilmar Dal Bosco estamos sabendo dessa tramoia. Vim saber ontem à noite, pela imprensa”.

“Tem condição (de ser presidente), como cidadão e filiado, mas não tem tempo. Como vai viajar para o interior organizar o partido? Precisamos organizar o partido em 120 municípios, só uma pessoa desprendida ou os deputados estaduais. O que foi combinado é que cada deputado iria escolher 30 municípios em que tem liderança e montar novo diretório municipal”, completou.

Eleições 2024

A escolha de Mauro também é vista como uma forma de acalmar os ânimos dentro do partido, já que existe uma disputa interna entre Garcia e o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, pela indicação nas Eleições Municipais do próximo ano. Até o momento, nenhum dos nomes foi efetivamente escolhido para representar o partido na próxima disputa municipal. 

Nos últimos meses, Botelho chegou a cobrar que o partido faça a definição de quem será o indicado para disputar o Alencastro até outubro deste ano.