As investigações da Polícia do Senado Federal, com base nas imagens de CFTV (circuito fechado de televisão) da Casa, não puderam comprovar suposta fala transfóbica do deputado federal Abílio Júnior (PL). O laudo, ao qual Olhar Direto teve acesso, cita fragmentos de fala que se assemelham aos termos “tem serviço”, porém de entendimento duvidoso.
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Abílio foi denunciado por parlamentares que acompanhavam a sessão do dia 11 de julho da CPMI do 8 de janeiro. Conforme a acusação, o mato-grossense teria feito um comentário homofóbico durante uma fala da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (UNIÃO-BA), pediu as filmagens da transmissão da sessão para a Polícia Legislativa. No entanto, uma vez que a suposta declaração teria sido feita durante o tempo reservado à fala da deputada Erika Hilton – neste caso, o CFTV capta somente as imagens e o microfone do parlamentar que estiver em pronunciamento –, o laudo da investigação restou inconclusivo.
“As imagens de CFTV do Senado Federal examinadas não cumprem os requisitos de incidência e de resolução/nitidez para correta detecção dos limites e estruturas faciais do deputado Abílio Brunini (PL-MT), bem como não registram/armazenam sinal de áudio, impossibilitando análises relacionadas à voz e à fala do referido deputado”, diz trecho do relatório.
Ainda segundo a Polícia Legislativa, após tratamento dos arquivos de mídia, “especialmente com a supressão de partes do sinal provenientes da fonte sonora principal (fala da deputada Erika Hilton)”, contatou-se fragmentos de voz que se assemelham aos termos da declaração denunciada, porém de entendimento duvidoso.
“Considerando a percepção auditiva do examinador, constatou-se fragmento de fala que se assemelha aos termos ‘tem serviço’, porém de entendimento duvidoso, podendo variar conforme a compreensão de cada ouvinte. Além disso, considerando a baixa qualidade acústica do fragmento, bem como a reduzida quantidade líquida de voz/fala, o material questionado resultou inadequado para realização de transcrição fonética, bem como para realização de exame pericial por biometria de voz ou comparação de locutores”, conclui o laudo.
A confusão começou quando a deputada Erika Hilton disse que Abílio precisava "tratar sua carência em outro espaço", porque o Congresso é um espaço "sério". A parlamentar prosseguiu na fala, mas foi interrompida pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), que denunciou a suposta fala "homofóbica".
Outros parlamentares, como a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), confirmaram a versão do de Rogério Carvalho. Abílio e seus aliados negaram.
Além da investigação da Polícia Legislativa, Erika Hilton acionou o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra Abílio.