A operação Cartão Postal teve como alvo empresários, ex-secretário de Saúde de Cuiabá e um advogado. Entre os nomes apurados pelo Olhar Direto estão
Jefferson Geraldo Teixeira, Roberta Arend Rodrigues Lopes, Elisangela Bruna da Silva, João Bosco da Silva, Hugo Florêncio de Castilho (advogado) e Célio Rodrigues da Silva. Os dois últimos presos.
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A operação visa desarticular uma organização criminosa envolvida em um esquema que desviou recursos da Secretaria de Saúde de Sinop, com prejuízo estimado na casa dos R$ 87 milhões.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá contra 34 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas.
Os 32 mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoal foram cumpridos nas cidades de Sinop, Cuiabá, Várzea Grande, São Paulo, e nos municípios de Praia Grande e São Vicente (SP).
De acordo com a decisão que o Olhar Direto teve acesso, quatro alvos estão foragidos. São eles:
Jefferson Geraldo Teixeira, Roberta Arend Rodrigues Lopes, Elisangela Bruna da Silva e João Bosco da Silva.
Também foram alvos o procurador-geral de Sinop
Ivan Schneider, Fabiula Martins Lourenço, Ângela Maria Pitondo de Oliveira, Deisi Juliani, Helena Maria dos Santos Barbosa, Bruno Borges, Adriana Teixeira Martins, Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves Preza, Guilherme Soares Meira, Jean Carlos Soares da Silva, Dayann Silva do Nascimento e João Bosco da Silva.
Conforme o documento, todos eles estão proibidos de frequentar as dependências da Saúde do município, além de não poderem manter contato com os demais investigados. Eles ainda devem comparecer periodicamente ao juízo para comprovar atividades e estão proibidos de se ausentarem da comarca.
A secretária Municipal de Saúde, Daniela Guelhardo, foi afastada temporariamente do cargo pelo prefeito Roberto Dorner, em decorrência da operação. Já Ivan Schneider foi afastado em decisão da justiça. Fabiula Martins Lourenço, por sua vez, será monitorada por tornozeleira eletrônica.
Buscas
O documento ainda traz que algumas empresas também foram alvos de buscas, na manhã desta quinta-feira (19). Entre elas, está a empresa Cuyabana Cervejaria Artesanal, pertencente ao ex-secretário de saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, que foi preso durante a operação.
As empresas alvos foram:
Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP) (São Paulo e Sinop), Castilho e Caldas Advogados Associados (pertencente a Hugo Castillho, também preso em Cuiabá), Cuyabana Cervejaria Artesanal (Várzea Grande – empresa de Célio Rodrigues), Instituto de Gestão e Saúde –Allus (São Vicente - SP), Vida e Saúde Clínica Médica e Odontologia (MediPlus - Cuiabá), HC Gestão em Informática (Cuiabá), Mais Saúde Serviços Médicos e Hospitalares (Cuiabá), Acácia Construtora e incorporadora (Cuiabá), Sappo Company Comércio Ldta (Cuiabá), Pronto Mais Serviços Médicos e Hospitalares (Sinop), Digital Comércio e Serviços de Informática e S8 Service (Sinop).
A operação
Polícia identificou a atuação de uma suposta organização criminosa, que seria bem estruturada em hierarquia, divisão de tarefas entre seus componentes e que teria sofisticado esquema de atuação em conexão com o Poder Público Municipal, cujo objetivo principal era fraudar de modo consistente a prestação do serviço de saúde na cidade, para auferir lucro e realizar diversos repasses financeiros aos líderes do esquema.
Foi verificado que a organização social, que hoje gerencia a pasta da Saúde de Sinop, teria sido especialmente ajustada para assumir a prestação do serviço de forma precária, tendo em vista diversas alterações formais que aconteceram em sua composição no mesmo período em que disputava a dispensa de licitação para assumir tais atividades, entre maio de junho de 2022.
Essa organização social voltou a vencer dispensas de licitação ocorridas entre outubro e novembro de 2022 e entre abril e maio de 2023, de modo que continua a atuar na cidade até hoje.
Com base nas investigações, foi determinado o bloqueio de valores das contas bancárias de 34 pessoas físicas e jurídicas, o sequestro de bens móveis de 21 alvos e o sequestro de bens imóveis de outros oito alvos, a fim de recompor os cofres públicos no montante de R$ 87.419.285,01, que é o valor global de três contratos celebrados entre Sinop e a organização social que gerencia a Saúde da cidade.